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educação e sustentabilidade consciência ambiental
2008-12-03

Com 600 alunos, a Escola Municipal de Ensino Fundamental 25 de julho, de Campo Bom, destacou-se no país com o projeto "Conhecendo Banhados" e vai receber um troféu e R$ 20 mil.  

Pela segunda vez em três anos a Escola Municipal de Ensino Fundamental 25 de Julho, de Campo Bom, a 54 quilômetros de Porto Alegre, vence um prêmio nacional de meio ambiente. A Conservação Internacional (CI-Brasil) e a Ford anunciaram hoje os ganhadores da 13ª edição do Prêmio Ford de Conservação Ambiental, conferindo o primeiro lugar na categoria Meio Ambiente nas Escolas à escola gaúcha, que vai receber de prêmio um troféu e R$ 20 mil.

Da primeira vez, a 25 de Julho venceu o prêmio da DPaschoal/Fundação Educar, que distinguiu os melhores projetos de educação ambiental nos estados. A escola vem se destacando pelo desenvolvimento do projeto Peixe Dourado, iniciativa do comitê da Bacia do Rio do Sinos que abrange todos os estabelecimentos escolares da região.

A bióloga e professora Margarida Telles da Cruz, responsável pela educação ambiental na escola, conta o projeto Peixe Dourado consiste na visitação de arroios e nascentes do rio Sinos. Com o andamento das atividades, os alunos perceberam que os banhados próximos estavam muito degradados e eram utilizados como depósitos de lixo.

Daí surgiu a idéia do projeto "Conhecendo Banhados", que venceu o prêmio Ford: “O projeto tem como objetivo sensibilizar para a importância das áreas de banhado, que são bem pouco valorizadas”, explica a professora. Ela trabalha apoiada por uma equipe de 28 monitores, alunos da 7ª e 8ª série, que atuam no projeto no turno oposto às aulas, uma vez por semana.

Atividades de campo
A escola tem 600 alunos e o projeto abrange desde a educação infantil até o ensino fundamental, e já atrai alunos de outras escolas do município, escolas estaduais e particulares. Os menorzinhos, a partir de três anos, conhecem a natureza num laboratório, onde encontram peixes e cágados em aquários, caramujos, sapos borboletas, plantas do banhado e outras espécies da fauna e flora. Até suas almofadas tem a forma de plantas e animais.

Os maiores desenvolvem atividades de campo, orientadas por Margarida, visitando uma área verde, a foz do Arroio Schmidt, o rio do Sinos e um banhado, próximos do colégio. Levam sempre uma planilha para anotar tudo o que observarem, animais que encontraram, tipos de resíduos, plantas, cor da água, peixes, insetos, mata ciliar, se há erosão, degradação, num total de 16 itens.

Na verdade, atuam como fiscais. Se há lixo jogado nos banhados ou numa área verde próxima à escola, procuram identificar o infrator, notificam as autoridades e sugerem medidas preventivas. “Eles adoram essas atividades de campo, sempre agradecem, e opinam o que pode ser feito para minimizar os impactos observados, como placas de avisos, plantio de flores ou plantio de árvores”, relata Margarida.

Na escola, desenvolvem atividades como a reutilização de utensílios que estão sendo descartados em suas casas. Agora mesmo, estão produzindo sacolas com guarda-chuvas velhos. Eles mesmos montam uma agenda artesanal de 100 páginas, com frases ecológicas e um glossário ambiental, com a capa de cartolina decorada com material reutilizado. A professora escolhe duas frases para citar: “Aquele que plantou uma árvore não viveu em vão”, ‘Banhados não são depósito de lixo”.

Investimento do prêmio
Com o prêmio recebido da outra vez, o laboratório foi redecorado, foram instaladas placas de avisos nos banhados e adquiriram materiais para a confecção das agendas. Agora, a professora ainda não sabe o que será feito com o dinheiro do novo prêmio, mas imagina que o investimento vai ser nos projetos ambientais, outra vez: “Vamos conversar com os alunos e a partir deles vamos decidir o que fazer”.

Todos se preocupam com o meio ambiente, comentam as reportagens que lêem nos jornais e revistas, perguntam e cobram o que não entendem. Ela acredita que assim a escola está conseguindo formar novos cidadãos e cidadãs, ambientalmente conscientes dos problemas ambientais e das suas próprias responsabilidades diante deles.

“Se eles entenderem que nós temos que cuidar do lugar onde vivemos, que nós somos os responsáveis e não adianta esperar que os outros façam, então conseguimos alcançar nossos objetivos”, conclui a professora, justamente orgulhosa pelo prêmio.

Demais vencedores
Nas demais categorias do prêmio Ford de Conservação Ambiental, o vencedor de Negócios em Conservação foi o "Programa de Adequação Ambiental de Propriedades Rurais", desenvolvido pelo Laboratório de Ecologia e Restauração Florestal (Lerf) do Departamento de Ciências Biológicas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo.

O projeto premiado, “Restauração Florestal e Aproveitamento Econômico”, tem o objetivo de restaurar florestas nativas de Mata Atlântica com o propósito de recuperar e conservar a biodiversidade regional. A CI-Brasil destacou a amplitude do trabalho, realizado tanto em áreas de reserva legal como em áreas de baixa aptidão agrícola, e o desenvolvimento de um serviço ambiental futuro de manejo florestal, restaurando a biodiversidade local e aferindo o retorno econômico. Além disso, o programa ainda atua na geração de empregos, renda e capacitação para os restauradores envolvidos no trabalho.

Na categoria Conquista Individual, a ganhadora foi a antropóloga Mary Helena Allegretti, pela formulação do conceito de reservas extrativistas, ao lado do líder sindical seringalista e ambientalista Chico Mendes (1944-1988), possibilitando a permanência de seringueiros e populações tradicionais na floresta amazônica. O Prêmio Ford de Conservação Ambiental na categoria Ciência e Formação de Recursos Humanos foi para o Instituto Terra, do fotógrafo Sebastião Salgado.

O Prêmio Ford de Conservação Ambiental, realizado desde 1996, é considerado hoje um dos reconhecimentos mais importantes na área ambiental do Brasil. Ao longo destes 13 anos, a iniciativa já premiou 60 personalidades e entidades dedicadas às causas ambientais, somando cerca de 1,7 mil projetos inscritos, vindos de todas as regiões do Brasil.

(Por Ulisses Almeida Nenê, EcoAgência, 02/12/2008)


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