O documento pede redução de 40% do desmatamento na Amazônia até 2009, além do aumento no uso de etanol e o adiantamento da agenda do biodiesel. Há, contudo, falhas: seu enfoque é unicamente ao bioma amazônico e sua preocupação com críticas estrangeiras é demasiada, segundo especialista.
Foi publicado no fim da tarde de ontem (01/12) a versão final do Plano Nacional sobre Mudanças Climáticas. Lançado pelo governo no dia 27 de outubro, o projeto é uma tentativa para reduzir as emissões de gases do efeito estufa do Brasil, focando-se principalmente na redução do desmatamento. Após ficar em consulta pública por quase dois meses e ser amplamente criticado por ambientalistas devido a sua falta de objetividade, o plano voltou com metas e números. A proposta agora é reduzir o desmatamento da Amazônia em 70% até 2017.
Além disso, o projeto prevê metas com redução gradativas de 40% entre 2006 e 2009 e a continuidade do processo em 30% a cada quatro anos. Outras metas do trabalho são o aumento de 11% do uso de etanol para os próximos dez anos e a antecipação, de 2013 para 2010, da obrigatoriedade da mistura de 5% de biodiesel ao diesel.
Porém, segundo especialista, o projeto ainda é bastante deficiente em relação ao seu enfoque, unicamente no bioma amazônico. "Enfim temos um plano, após 14 anos de espera, mas inadequado à natureza e tamanho do desafio. Tem metas para o desmatamento da floresta amazônica, mas não do Cerrado, que este ano emitiu mais que o anterior. Não se coloca a eficiência como motor do desenvolvimento econômico do país" comentou o diretor da organização Amigos da Terra - Amazônia Brasileira, Roberto Smeraldi, durante o lançamento do Plano.
Além de ser apresentado à sociedade civil hoje, o plano será discutido durante a Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas que será realizada dia oito de dezembro na Polônia. A proximidade da conferência levou muitos ambientalistas a acreditar que o projeto teria sido elaborado às pressas somente com o intuito de apresentar alguma atitude do governo brasileiro no combate às alterações do clima. "É um plano pensado para atender os estrangeiros, não para fazer o dever de casa que interessa ao país", afirmou o ambientalista.
A destruição de florestas é o principal fator para emissão de gases no Brasil, representando 75% do total. Em escala global, este número é de 20%. Graças a estes números, a redução de desmatamento sempre é uma das principais metas quando se fala de mudanças climáticas. "Santa Catarina não foi suficiente para compreender que a luta à mudança climática é de primordial interesse nacional, pois somos mais vulneráveis a ela do que outros países?", conclui Smeraldi.
Confira aqui o plano na íntegra.
(Amazonia.org.br, 02/12/2008)