Cientistas alemães e britânicos elaboraram o primeiro inventário detalhado de animais marinhos e terrestres de um grupo de ilhas da Antártida. A equipe formada por estudiosos da Universidade de Hamburgo, na Alemanha, e do instituto British Antarctic Survey (BAS) conseguiu contar mais de 1,2 mil espécies nas ilhas de South Orkney, incluindo cinco novas espécies.
"Esta é a primeira vez que algo assim é feito, não apenas na Antártida, mas nas duas regiões polares", diz David Barnes, autor da pesquisa e membro do BAS. Barnes conta que foi surpreendente encontrar tantos animais nas ilhas pesquisadas. "Das 1224 espécies registradas, havia 50 tipos ou gêneros de animais, muito mais do que encontramos em um único lugar antes", disse o pesquisador.
"Ao obtermos o número real de animais que vivem aqui, podemos monitorar como eles vão reagir à mudança climática, pois eles estão em uma das áreas que estão esquentando mais rapidamente no planeta", acrescentou. As informações foram publicadas na revista Journal of Biogeography.
Galápagos
Os pesquisadores analisaram obras científicas sobre o assunto de mais de cem anos atrás, além de pesquisas mais recentes. A conclusão foi de que existiam 1.224 espécies no total, das quais 1.026 foram encontradas em águas da Antártida, incluindo ouriços do mar, vermes, crustáceos e moluscos. "Se analisarmos outros arquipélagos do mundo que também são isolados, podemos ver que as ilhas South Orkney são, na verdade, mais ricas do que Galápagos em número de espécies que encontramos no mar", disse Barnes à BBC.
"Existe a crença de que existe muita riqueza de vida nos trópicos e que isso vai diminuindo nas áreas temperadas e nas regiões polares", acrescentou. "Isso ocorre porque enxergamos a vida do ponto de vista terrestre e, quando observamos a Antártida e o Ártico, vemos apenas gelo." "Mas, abaixo da superfície do oceano, existe um ambiente incrivelmente rico, e mergulhar lá é um pouco como mergulhar em um recife de corais", completou o pesquisador.
Décadas de estudo
A equipe também descobriu cinco espécies novas, incluindo animais parecidos com musgo e "insetos" marinhos. "Esta é uma das áreas mais bem estudadas na Antártida, pois equipes de biólogos estão analisando o local continuamente durante décadas", afirmou Barnes. Os cientistas agora vão usar o inventário para tentar monitorar como a região reagirá a mudanças ambientais no futuro.
"Se estamos tentando analisar a mudança através do tempo, e tentando relacionar quantidades diferentes de mudanças nas coisas, como resposta ao aquecimento regional ou à acidificação do oceano, é necessário ter este tipo de referência e também é preciso que esta referência seja confiável", conclui Barnes.
(BBC, Ultimo Segundo, 01/12/2008)