A biorrefinaria virtual foi um dos principais temas apresentados e discutidos no Workshop Instrumentação e Automação Agrícola e Agroindustrial na Cadeia Cana-Etanol, realizado no âmbito do Projeto de Pesquisa em Políticas Públicas (PPPP) da Cadeia Cana-Etanol apoiado pela FAPESP, na sexta-feira (28/11), na Embrapa Instrumentação Agropecuária, em São Carlos, interior de São Paulo.
No lugar do petróleo, a biorrefinaria tem biomassa como matéria-prima. Para ajudar em seu desenvolvimento, entra o componente “virtual”, o das simulações em computador.
Segundo Antonio Bonomi, do Centro de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), o principal objetivo da biorrefinaria virtual é otimizar processos e conceitos. “Isso se dá por meio da avaliação de diferentes alternativas de biorrefinaria, do estágio de desenvolvimento das novas tecnologias e da aplicabilidade do projeto”, disse.
O projeto da biorrefinaria virtual apresentado por Bonomi passa por diferentes etapas: a definição de unidades de produção padrão, considerando as diversas cadeias produtivas; a construção de modelos matemáticos das unidades; a construção de planilhas para avaliação de fluxos de caixa e de análise de risco das diversas alternativas de produção, empregando softwares de simulação de processos e de análise econômica; e a avaliação de parâmetros de sustentabilidade ambiental e social.
No que se refere à simulação, para os projetos que envolvem a biorrefinaria virtual é necessário que as ferramentas sejam adaptadas. “É importante que sejam quantificadas as características do processo, os requisitos de energia e os parâmetros apresentados pelos principais equipamentos para um dado cenário operacional”, apontou Bonomi.
A etapa da construção de modelos matemáticos se dá por meio de formulários construídos para que seja possível visualizar as principais variáveis e a situação em que se encontra o projeto: o ajuste dos modelos de acordo com a realidade e tratamento dos dados experimentais, a avaliação estatística e a otimização, levando em consideração critérios técnicos e econômicos. “A biorrefinaria virtual indica que caminho tomar para que o processo seja otimizado e aplicado com garantias de recursos financeiros”, afirmou.
Após a palestra de Bonomi, André Bello de Oliveira, da Petrobras, apresentou conceitos de novas refinarias planejadas pela empresa. Segundo destacou, o conhecimento reunido na área de refino de petróleo pode ser adotado na refinaria de biomassa. “Entretanto, a dificuldade está em prever os preços dos produtos, pois estamos tratando de investimentos na ordem de bilhões de reais”, disse.
A primeira fase da elaboração de uma biorrefinaria se dá na definição do macroprojeto, a avaliação das tecnologias a serem implantadas e o estudo da oportunidade e concepção do negócio. Na segunda fase estão a elaboração do projeto básico, o uso de ferramentas variadas de automação, de simuladores de processos e o detalhamento do projeto.
Também presente no debate, Flávio Vasconcellos da Silva, professor da Faculdade de Engenharia Química da Unicamp, fez uma importante ressalva. “Além do aspecto tecnológico, temos que investir no desenvolvimento de recursos humanos. É fundamental preparar o profissional para enfrentar esse novo tipo de processo”, disse.
(Agência Fapesp, 02/12/2008)