Vários projetos são desenvolvidos pelo Centro Municipal de Estudos Ambientais com os alunos da cidade, num trabalho queatrai escolas de outros municípios, agentes de saúde, grupos de idosos e de CTGs.
Tradicional organizador da Festa das Rosas, o município de Sapiranga, distante cerca de 60 quilômetros de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, começa a mostrar sua nova vocação: a educação ambiental. Essa é a função do Centro Municipal de Estudos Ambientais, ligado à Secretaria Municipal de Educação e que visa estimular a conscientização ambiental , através da defesa da vida e do meio ambiente. Ao participar da 1ª Bionat Expo, encerrada domingo (30/11), no Cais do Porto, em Porto Alegre, o Centro suscitou a curiosidade das pessoas pela proposta inédita que ele apresenta.
Criado em dezembro de 2004, a partir da necessidade de recuperar as áreas verdes que estavam sendo perdidas no município, o projeto tem cativado cada vez mais admiradores. Inclusive de outros municípios da regiáo, que têm participado com pequenas caravanas. Se a introdução das fábricas de calçado trouxe mais empregos e renda para Sapiranga, levou junto pessoas de outros municípios e, inclusive, de fora do Estado, que náo possuíam a identidade com o local. "Com isso", conta a bióloga Andrea Oberherr, "foram necessárias novas construções e as áreas verdes acabaram sendo as primeiras afetadas".
Foi a partir dessa necessidade que surgiu a idéia de se criar um projeto novo, que agregasse a comunidade em torno da recuperação dessas áreas. O Centro Municipal de Estudos Ambientais foi o caminho encontrado. Hoje, vários projetos sáo desenvolvidos. "Os alunos da rede de ensino de Sapiranga, tanto as escolas municipais, estaduais e particulares, têm três dias de atendimento: às segundas, quartas e sextas-feiras. Nas terças e quintas-feiras sáo agendadas visitas de grupos da nossa comunidade ou de outros municipios que estiverem interessados", relata Andrea Oberherr.
Os estudantes podem se inscrever nos projetos plantas mágicas (relativo às ervas medicinais), árvores da vida (que preserva e distribui sementes da mata nativa), hortas comunitárias (incentivando a alimentação saudável, sem agrotóxicos e produtos sintéticos) e água (estudo dos mananciais hídricos da região).
Saga dos Muckers
Andreia conta que os primeiros trabalhos do Centro Municipal de Estudos Ambientais estavam relacionados às plantas medicinais. Ficou marcada na população de Sapiranga a lendária saga dos Muckers, que no final do século XIX dividiu a comunidade entre os seguidores de Jacobina Maurer e os contrários. Jacobina e seu marido João Jorge Maurer praticavam o curandeirismo, trabalhando basicamente com plantas medicinais. Depois disso, durante muitos anos propagou-se na região a importância da utilização dos chás.
"Mas hoje", conta Andrea Oberherr, "a mulher trabalha fora e a criança fica o dia inteiro na creche. Perdeu-se muito essa tansmissão de informações. Nosso objetivo é resgatar esses ensinamentos para que náo se perca essa memória". Além do incentivo ao conhecimento das plantas medicinais, o Centro desenvolve caminhadas em trilha ecológica. "Nossa trilha", explica ela, "possui cerca de dois quilômetros, passando por vários estágios de recomposição de mata".
A bióloga relata que em 2007 mais de 2.600 pessoas participaram das atividades e da trilha ecológica proporcionada pelo projeto. Os números deste ano ainda estão abertos, mas a procura é grande. O município de Sapiranga possui 20 escolas do ensino fundamental, 12 de educação infantil, 7 da rede estadual e 4 particulares. Entre os grupos de pessoas, o Centro recebe, principalmente, alunos de escolas agrícolas de outros municípios, agentes de saúde, grupos de idosos e de CTGs.
(Por Por Juarez Tosi, EcoAgência, 01/12/2008)