Extração ilegal de material das margens provoca deslizamentosAos poucos, as beiradas do Rio Cubatão, em Palhoça, na Grande Florianópolis, deslizam para a água. Como o leito está cada vez mais fundo, empresas que retiram areia da água passaram a encontrá-la só nas margens, provocando deslizamentos e destruição da mata ciliar.
Um protesto no final de semana uniu a comunidade para pedir mais fiscalização na região. Uma lista com cem assinaturas de moradores do Bairro Guarda do Cubatão foi entregue ao Instituto Mangue Vivo para ser levado ao Ministério Público.
- Vamos entrar com denúncia pedindo a suspensão dos alvarás das empresas que retiram areia das margens do rio - afirmou o diretor executivo do instituto, Paulo Douglas.
A prática da retirada de areia das margens dos rios não é permitida.
- O Cubatão está sendo desassoreado de forma irregular. Nenhuma dessas empresa está obedecendo a legislação florestal - informou Douglas.
Cada vez mais a terra na beira do rio é levada pela correnteza. Moradores lembram que a retirada é realizada há mais de 20 anos.
O primeiro grande deslizamento ocorreu em 1995, quando a região foi atingida por uma enxurrada. Na beira da água, cerca de 20 casas se perderam dentro do Cubatão. Uma delas era da mãe de Anélia Mariano dos Santos.
- Moro aqui há mais de 30 anos. Por causa dessa retirada de areia, as margens estão sendo levadas pelo rio. Antes, era possível atravessar a pé para a outra margem, agora é impossível porque também está muito fundo - relatou a moradora.
Rua está a menos de dois metros do barranco
Com a chuva da última semana, mais uma parte da margem foi levada. Agora, a rua de acesso à Guarda do Cubatão está em perigo, a menos de dois metros do barranco. Isso sem falar da quantidade de buracos.
- Os caminhões passam por aqui carregados e danificam a rua. Além disso trazem areia molhada e deixam a rua cheia de água. Eles não têm hora para passar, trabalham até de madrugada - contou Samyr Hallan dos Santos, que trabalha na região.
Um dos moradores disse que já esteve na prefeitura do município para pedir uma solução.
- Fui lá na semana passada e disseram que vão cancelar qualquer tipo de alvará para retirada de areia e pedra - relatou Édio Schweitzer, que possui um sítio na comunidade.
(Por TATYANA AZEVEDO,
Diário Catarinense, 01/12/2008)