Seca pode afetar a produção mas o aumento da oferta do cereal também está contribuindo para a queda dos preçosA falta de chuva das últimas semanas e o baixo preço do milho no mercado vêm trazendo apreensão aos produtores gaúchos que se preparam para colher o cereal a partir de janeiro de 2009.
A área plantada com o grão em solo gaúcho cresceu de 1,385 milhão de hectares, em 2007, para 1,406 milhão de hectares nesta safra. Conforme o assistente técnico da Emater em Passo Fundo Claudio Doro, por enquanto a previsão de produção continua em 5,492 milhões de toneladas. Mas adverte:
– Se o período de falta de chuva que está afetando algumas lavouras persistir, essa previsão pode ser revista para baixo.
Em Pejuçara, no Noroeste gaúcho, o produtor Jorge Tassotti, 55 anos, já pensa em acionar o seguro agrícola da área de seis hectares plantadas com milho. Nos últimos 30 dias, choveu apenas 10 milímetros na propriedade. Por enquanto, ele estima ter perdido metade do potencial de produção de 110 sacas de 60 quilos por hectare.
– Se voltar a chover logo, ainda posso colher umas 55 sacas por hectare. Se continuar seco, a perda só aumenta – afirma Tassotti, que também aguarda a chuva para plantar soja nos outros 20 hectares da propriedade.
O produtor optou por investir no milho este ano animado com o preço pago na safra passada, em torno dos R$ 26 a saca. Mas o valor atual de R$ 18 traz a perspectiva de prejuízo, mesmo com o retorno da chuva. Segundo ele, o preço não é suficiente para cobrir os custos de produção.
De acordo com o coordenador da Central Internacional de Análises Econômicas e Estudos de Mercado Agropecuário (Ceema) da Unijuí, Argemiro Brum, o aumento na oferta de milho no país vem provocando a redução nos preços pagos ao produtor.
– No ano passado, as exportações foram de quase 11 milhões de toneladas. Devemos encerrar 2008 na casa de 6 milhões de toneladas exportadas. Junto com uma safra cheia pelo Brasil, isso aumentou a oferta e forçou a redução do preço – enfatiza.
(Por Pietro Rubin, ZH, 01/12/2008)