O presidente da Bolívia, Evo Morales, pediu no domingo a criação de uma Organização Mundial do Meio Ambiente à qual as entidades comerciais e financeiras sejam subordinadas, e que promova um desenvolvimento amigável com a natureza, informou hoje a agência estatal ABI.
Em carta dirigida à conferência da ONU para a mudança climática, que começa amanhã em Poznan, Polônia, Morales afirma que a "organização tem que contar com mecanismos efetivos de acompanhamento, verificação e sanção para fazer cumprir os presentes e futuros acordos".
Morales explica na carta que o modelo de desenvolvimento "amigável com a natureza" que ele propõe não só preservaria o meio ambiente, mas resolveria os graves problemas de pobreza do mundo.
O líder boliviano solicita ainda uma profunda transformação da OMC (Organização Mundial do Comércio), do BM (Banco Mundial), do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do sistema econômico internacional para garantir um "comércio justo".
"A humanidade é capaz de salvar o planeta se recuperar os princípios da solidariedade e a harmonia com a natureza, em contraposição ao império da concorrência, ao lucro e ao consumismo dos recursos naturais", disse o presidente.
Morales pede aos países industrializados que cumpram estritamente os compromissos de redução de emissões de gases do efeito estufa adotados no Protocolo de Kyoto. "Não é aceitável que os países que poluíram historicamente o planeta falem de reduções maiores para o futuro, descumprindo seus compromissos presentes", disse.
A reunião de Poznan servirá de ponte em direção à conferência de Copenhague, Dinamarca, que em 2009 tentará conseguir um novo acordo mundial que substitua o protocolo de 1997, que deixará de estar em vigor em 2012.
(Folha Online, 30/11/2008)