Moradores do Monte Verde fazem dos cuidados com o meio ambiente uma atividade de rotina

Santa Cruz do Sul tem um bairro onde o verde está presente até no nome. Formado há 27 anos, o Monte Verde, localizado na parte leste da cidade, comemora neste fim de semana as duas décadas de sua associação de moradores.

Será o momento de relembrar como os moradores começaram a se organizar para formar uma comunidade onde a preservação ambiental faz parte da rotina. Situado dentro do Cinturão Verde o bairro se destaca dos demais por várias características. Além de ter um dos principais símbolos do município, a cruz, possibilita uma visão privilegiada da área central e tem até mesmo temperatura mais amena por estar em um ponto alto e entre árvores.

Embora seja um local agradável e considerado tranqüilo, o bairro nem sempre teve essas características. A área onde está situado era um descampado há cerca de 30 anos e estava sendo cotada para dar lugar a um loteamento. Nessa época, algumas famílias vizinhas começaram a se encontrar nos fins de tarde no local para conversar e tomar chimarrão. Era o começo de tudo. Os terrenos passaram a ser vendidos e casas foram construídas. Não havia água encanada e nem esgoto, e as ruas eram sem calçamento. Mesmo assim, o Monte Tabor – primeiro nome do bairro em referência a esse tipo de árvore – foi se estruturando.

A dona de casa Ivone Baier foi a primeira a morar no local junto com o marido e o filho. “Por quatro meses tinha que buscar água em baldes para manter a casa”, recorda. O morador Alvair José Meinhardt foi o primeiro presidente da associação. Ele é um dos que ajudaram a formar o bairro e recorda também da dedicação de todos para o reflorestamento do local. Embora para construir algumas casas tenha sido necessário remover árvores, as famílias se comprometeram a reflorestar as áreas. “O resultado pode ser visto por toda a parte. A praça está coberta de árvores, e as ruas também”, diz.

Preservação
Outra particularidade em torno do ambiente envolve o comportamento das famílias. Como a maioria veio do interior, o hábito de plantar é muito presente. Vivendo no local desde os anos 90, o hoje tesoureiro da associação de moradores, João Luiz Heck, retrata bem essa situação. Em sua casa existe até mesmo uma horta com produtos orgânicos. “Estamos perto da cidade, mas ainda conseguimos manter esse hábito meio rural”, diz.

Atualmente no bairro existem 220 casas e cerca de 500 moradores. A presidente da associação, Denise Balparda, destaca que uma das características do local é o fato de todos praticamente se conhecerem. A praça é local de encontro nos fins de tarde, e as conversas nas ruas são comuns. “Temos uma comunidade bem organizada e amiga”, frisa. E para comemorar essa união é que neste sábado ocorrerá um jantar-baile com homenagem aos primeiros moradores, no salão da igreja.
 
Saiba mais
Situado a três quilômetros do Centro, o Monte Verde não tem escola, creche ou posto de saúde. A água é tratada por uma associação hídrica e também há poucos estabelecimentos comerciais no local. Outras preocupações que surgiram com o passar do tempo envolvem a segurança das famílias e o depósito de lixo nos acessos, feito normalmente por pessoas de outros pontos da cidade.
 
(Por Dejair Machado, Gazeta do Sul, 28/11/2008)