Cerca de 35% do rebanho bovino de todo o país estava concentrado na Amazônia no ano passado, de acordo com a Pesquisa Municipal de Pecuária divulgada quarta-feira (26/11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São 69.575 milhões de cabeças, o equivalente a 34,8% de todo o rebanho brasileiro.
A pesquisa detectou queda do total de cabeças de gado em 2007 de 3% no Brasil e 5% na Amazônia. Apesar da diminuição, o IBGE lembra que, na comparação dos últimos dez anos (2007-1997), registrou-se um crescimento de 78% na quantidade de cabeças de gado na região, com destaque para o sul do Pará, o norte de Mato Grosso e Rondônia.
Segundo o instituto, a queda de 5% do rebanho na Amazônia não ocorreu devido à preocupação ambiental, mas à "descapitalização dos produtores em 2006, o que levou a desinvestimentos no ano seguinte".
De acordo com o IBGE, o rebanho bovino brasileiro tem se deslocado em direção ao norte do país, "em parte devido à disputa por área com as lavouras de cana, soja e milho no Centro-Sul. Entretanto, houve uma redução do ritmo de crescimento do rebanho bovino na região, de 46% de 1997 a 2002 para 22% no período de 2002 a 2007".
A pesquisa detectou o maior efetivo bovino no Mato Grosso, que possui 12,9% de todo o rebanho nacional. Entre as dez cidades que possuem a maior quantidade de cabeças de gado do país, quatro delas se localizam na Amazônia Legal e três estão na listas dos 36 municípios que mais desmatam a Amazônia: São Félix do Xingu (PA), Juara (MT) e Alta Floresta (MT).
São Félix do Xingu, que tem o segundo maior rebanho do Brasil, é também a cidade que mais devastou a Amazônia este ano, e aparece como "município crítico" em relação ao desmatamento no boletim Transparência Florestal, produzido pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia.
(Por Bruno Calixto, Amazonia.org.br, 28/11/2008)