As florestas são extremamente vulneráveis às mudanças climáticas, que devem provocar mais incêndios florestais e inundações, e é preciso agir rapidamente para ajudar milhões de pessoas que dependem desses ecossistemas, segundo estudo divulgado na quinta-feira pelo Centro para a Pesquisa Florestal Internacional (Cifor, na sigla em inglês).
A entidade, com sede em Jacarta, pede aos participantes da conferência da ONU, de 1 a 12 de dezembro em Poznan (Polônia), que busquem novas formas de proteger as florestas dos países em desenvolvimento. O estudo diz que a mudança pode, por exemplo, secar as florestas imersas em nuvens nas regiões montanhosas da América Central, o que facilitaria incêndios, ou então alagar manguezais asiáticos, por causa do aumento do nível dos mares.
"A não ser que se tome uma ação imediata, a mudança climática poderia ter um efeito devastador sobre as florestas do mundo e sobre as quase 1 bilhão de pessoas que delas dependem para sua subsistência", disse nota da entidade.
Os ambientalistas sugeriram reforços na prevenção a incêndios, plantação de árvores adequadas à mudança climática, controle de pragas agrícolas e preservação de corredores florestais, para facilitar a eventual migração de animais e plantas, além de ajuda às comunidades florestais.
Frances Seymor, diretor-geral do Cifor, disse que a proteção às florestas e seus moradores tem sido "pouco tratada nas políticas nacionais e nas negociações internacionais".
A conferência de Poznan -- etapa preparatória para a reunião de 2009 que definirá um tratado climático que suceda ao Protocolo de Kyoto -- deve discutir mecanismos de compensação para a preservação florestal em países pobres, já que as árvores contribuem para compensar as emissões de gases do efeito estufa.
Já as queimadas representam cerca de 20 por cento das emissões globais de carbono resultante de atividades humanas. "Em muitas florestas, mudanças relativamente pequenas no clima podem ter consequências devastadoras, aumentando sua vulnerabilidade a secas, a ataques de insetos e ao fogo", disse o ecologista Markku Kanninen, co-autor do relatório do Cifor.
"Queimar ou derrubar florestas emite grandes quantidades de gases do efeito estufa, então há uma chance de que uma mudança inicialmente pequena no clima possa levar a mudanças muito maiores", disse ele em nota.
(Reuters, 27/11/2008)