Os senadores do PSDB Tasso Jereissati (CE) e Arthur Virgílio (AM) apresentaram, por volta das 21h30 desta quarta-feira (26/11), requerimento solicitando a presença do presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, para explicar suspeitas de que a empresa está enfrentando "sérios problemas de caixa".
O requerimento foi lido no Plenário por Virgílio, líder do partido, cerca de uma hora depois que as supostas dificuldades da Petrobras foram abordadas em breve discurso de Jereissati. A proposta é que também seja convidada, com igual fim, a presidente da Caixa Econômica Federal (CEF), Maria Fernanda Ramos Coelho.
Segundo o senador cearense, a asfixia financeira da companhia estatal estaria comprovada por um empréstimo no valor de R$ 2,02 bilhões, contraído junto à Caixa no dia 31 de outubro, com prazo de 180 dias e juros equivalentes aos de operações de curtíssimo prazo no mercado financeiro (104% do CDI over).
- Essa operação não é corriqueira, não é típica da Caixa, que tem de cuidar de saneamento e habitação, e mostra que a Petrobras não está conseguindo se financiar no mercado bancário privado - observou Jereissati, em conversa com os jornalistas, aos quais entregou cópia de um registro do empréstimo feito na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) - o órgão que fiscaliza a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), onde a Petrobras tem suas ações negociadas.
A estratégia de Jereissati e Virgílio é tentar aprovar o requerimento com os convites a Gabrielli e Maria Fernanda Coelho em uma das reuniões da CAE a serem realizadas na manhã desta quinta-feira (27). No momento da votação é provável, inclusive, que Virgílio faça um adendo ao requerimento solicitando a presença dos presidentes do Banco do Brasil, com o qual a Petrobras obteve igualmente recursos de curto prazo, e do Banco Central.
Antes mesmo da leitura do requerimento, o senador governista Renato Casagrande (PSB-ES) anunciou ter recebido explicações sobre o empréstimo por parte de Gabrielli. Segundo este último, a operação junto à Caixa é "normal", mas está sendo realizada no Brasil em função da pouca oferta de crédito no mercado externo. A Petrobras também pegou empréstimos para capital de giro no Banco do Brasil e no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O líder do PSDB, no entanto, manteve sua opinião de que a operação é um tipo de socorro irregular, podendo mesmo ter sido realizado com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), administrados pela Caixa.
- A manipulação foi grosseira. O governo apresenta dados com aumento do volume de crédito quando na verdade trata-se de um socorro, pela via equivocada, a uma empresa que não se planejou para evitar esse vexame - afirmou Virgílio. Ele estima em cerca de R$ 4 bilhões as operações com a Caixa e o BB.
Segundo Virgílio, Jereissati tinha a informação sobre a Petrobras desde o início da tarde, mas preferiu mantê-la em sigilo para não tumultuar o mercado de ações. O senador cearense disse esperar que até abertura da Bovespa, às 11h, Gabrielli explique o empréstimo.
A operação com a Caixa (Cédula de Crédito Bancário - CCB para capital de giro) consta de informação prestada pela Petrobras à CVM por meio de Notas Explicativas de Demonstrativo contábil no dia 11 de novembro, às 19h15. Manifestaram-se ainda sobre o caso da Petrobras os senadores Alvaro Dias (PSDB-PR), Inácio Arruda (PCdoB-CE) e Heráclito Fortes (DEM-PI).
(Por Nelson Oliveira, Agência Senado, 26/11/2008)