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madeireiras desmatamento
2008-11-27

Agora é oficial: o Greenpeace abriu seu escritório na República Democrática do Congo na segunda-feira (24/11), marcando a data com um convite feito às autoridades do país para visitar seu navio Arctic Sunrise, que está atracado no porto de Matadi, principal ponto de exportação de madeira do país.

A inauguração acontece às vésperas das conversações da ONU sobre clima em Poznan, na Polônia, que terá o foco na proteção necessária às florestas do mundo. A contribuição do Congo nesse processo é ser transparente na revisão dos 156 títulos florestais de madeireiras no país. A primeira fase desse processo, que já se encerrou, resultou na validação de apenas 46 títulos florestais, cobrindo aproximadamente sete milhões de hectares de florestas. Oitenta e uma empresas madeireiras cujos títulos foram rejeitados na primeira fase apelaram da decisão para a comissão interministerial em cargo do processo. O Greenpeace espera que o governo respeite o critério estabelecido no decreto presidencial de 2005 que propôs a revisão desses títulos.

“O governo congolês não deve ceder à pressão da indústria madeireira, que está fazendo tudo o que pode para sequestrar a legalidade do processo. O que a indústria quer claramente é manter o controle de cerca de 10 milhões de hectares adicionais de florestas ilegalmente adquiridas”, afirmou René Ngongo, consultor do Greenpeace África.

Ngongo disse ainda que “aqueles que exploram as florestas estão esperando uma revisão legal do processo para aprovar o maior número possível de concessões de extração de madeira. Estão usando a crise financeira internacional – que teve impacto na indústria madeireira como em qualquer outra indústria – como um pretexto para evitar o critério legal já estabelecido pelo governo.”

Mais de 60% da população do Congo depende diretamente ou indiretamente das florestas do país para subsistência. É dever do governo proteger as florestas e não aceitar um acordo político que favoreça uma indústria que é hoje diretamente responsável pela pilhagem e degradação das florestas do Congo. O Greenpeace também acredita que é essencial manter intactas as florestas para que o povo congolês se beneficie dos fundos internacionais que estão sendo estabelecidos para proteger as florestas tropicais. Assim, os congoleses poder ganhar dinheiro evitando a destruição de suas florestas.

A próxima rodada de negociação sobre clima da ONU acontecerá em Poznan, na Polônia, entre os dias 1 e 12 de dezembro. Uma das principais metas dos negociadores será a criação de um mecanismo para financiar a luta contra as emissões de gases do efeito estufa causadas pelo desmatamento e degradação das florestas tropicais. O mecanismo de financiamento Florestas pelo Clima, do Greenpeace, foi desenhado para proteger os direitos das populações das florestas, além de proteger a biodiversidade e lutar contra as mudanças climáticas.

“Vamos aproveitar essa oportunidade única para mobilizar instituições financeiras internacionais para que o objetivo delas seja zerar o desmatamento das florestas tropicais”, afirmou Amadou Kanoute, diretor executivo do Greenpeace África.

“Dada a situação, é essencial que o governo da República Democrática do Congo envie uma forte mensagem para a comunidade internacional: todos os títulos florestais adquiridos ilegalmente devem ser anulados para que o povo do país possa se beneficiar totalmente de um mecanismo internacional para o financiamento da proteção das florestas”, explica Kanoute.

Durante o evento realizado no Congo, Amadou Kanoute falou sobre o motivo do Greenpeace abrir um escritório no país num momento em que graves conflitos acontecem na parte leste do território congolês.

“O Greenpeace vem trabalhando no Congo há anos e vimos em primeira mão essa terrível tragédia. Consideramos que o conflito deve parar imediatamente. No entanto, 40 milhões de pessoas dependem das florestas no Congo e devemos protegê-las. Dada a crise climática que o mundo vive, é também essencial que a comunidade internacional chegue a um acordo sobre um mecanismo de defesa das florestas e do clima.”

(Greenpeace, 26/11/2008)


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