Os lucros das companhias pesqueiras européias falaram mais alto do que a sobrevivência do atum no leste do Oceano Atlântico e no mar Mediterrâneo durante a reunião da Comissão Internacional para a Conservação do Atum do Atlântico (ICCAT) que terminou na segunda-feira (24/11) em Marraquesh, no Marrocos. Com isso, segundo previsão dos cientistas da própria ICCAT, a espécie corre o risco de entrar em colapso comercial. Para o Greenpeace, a reunião foi vergonhosa e um grande desastre.
"A ICCAT perdeu sua última chance para salvar o atum do colapso", afirmou Sebastian Losada, da campanha de Oceanos do Greenpeace Espanha, que participou do encontro em Marraquesh. "A espécie está ameaçada de entrar em colapso por conta da falta de gerenciamento da ICCAT. É hora de tirar a discussão de suas mãos e levar para convenções como a Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas (Cites, na sigla em inglês), para impor restrições comerciais para a espécie."
"Os últimos sete dias demonstraram que a ICCAT é uma farsa - levou o estoque de atum para níveis baixíssimos e não é capaz nem de se preparar para as conseqüências. O encontro foi mais uma feira do que um encontro entre países, com os governos e a indústria barganhando pelo último atum", afirmou Losada.
A pressão dos países europeus foi grande durante a ICCAT para que os limites de pesca industrial do atum não fossem reduzidos. Em 2009, países poderão pescar 29,5 mil toneladas de atum, bem acima do limite de 15 mil toneladas recomendado pelos cientistas para evitar o colapso da população da espécie. Segundo dados apresentados na reunião, a pesca do atum no leste do Atlântico e no mar Mediterrâneo chega a mais de 60 mil toneladas devido à pesca clandestina.
O Greenpeace tem exigido o fim da pesca do atum até que um plano de recuperação da espécie seja elaborado. Além de um limite de 15 mil toneladas, é preciso também que seja estipulado um período sem pesca, entre os meses de maio e julho, além da criação de reservas marinhas para proteger as áreas de reprodução do atum.
O Greenpeace defende a criação de uma rede global de áreas marinhas protegidas em 40% de nossos oceanos para restaurar os estoques pesqueiros e toda a vida marinha da pesca predatória e dos efeitos das mudanças climáticas.
(Greenpeace, 25/11/2008)