Entidades ambientais de Vitória e Vila Velha se reúnem, ainda nesta semana, para definir cobranças contra o pó preto emitido pelas usinas da Vale, que contamina o ar da Grande Vitória. Serão avaliados o andamento do processo que pede indenização aos moradores da região pelos inúmeros impactos e a realização de uma manifestação, antes do Natal.
Segundo o diretor da Associação Nacional dos Amigos do Meio Ambiente (Anama), Carlos Alberto Fontes, até que seja realizado o protesto, oito entidades vão realizar encontros semanais, para avaliar judicialmente a ação protocolada pela Anama no ano passado, e determinar a melhor data e local para realizar o movimento.
No processo, a associação requer a condenação da Vale ao pagamento de no mínimo R$ 500 milhões, a título de indenização à comunidade, pela poluição que promove.
E ainda a condenação de órgãos públicos, como o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), por omissão. A prefeitura de Vitória se comprometeu em juízo a participar da ação junto com a Anama, deixando de ser ré, o que foi aceito pela entidade.
A associação lembra que o incômodo pó preto não só exige dos moradores gastos com tratamento de doenças causadas pela poluição do ar como desvaloriza os imóveis e é responsável pela sujeira nas residências, o que exige esforço físico em excesso.
Aponta ainda que a empresa não possui métodos eficientes de minimização dos poluentes, e lança efluentes brutos no mar, ocasionando o decréscimo da fauna marinha na Grande Vitória, e o assoreamento da baía.
A Vale lidera a poluição da Grande Vitória com o chamado pó preto, e vem em segundo lugar em poluentes gasosos. Junto com a ArcelorMittal Tubarão (CST e Belgo), provoca 50% da poluição do ar na Grande Vitória, segundo dados apurados pelo Instituto de Física Aplicada da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). A Vale responde por 20-25% dos poluentes do ar, que no total (somados aos da CST e Belgo) totalizam 264 toneladas/dia de poluentes (96.360 toneladas/ano).
Cada morador da Grande Vitória (GV) gasta R$ 100,00, por ano, para tratar as doenças causadas pela poluição. Por ano, a Vale exige que a sociedade gaste R$ 56 milhões a 70 milhões, com valor médio anual de R$ 65 milhões, para tratamento de saúde.
Ao todo, são 59 os tipos de gases lançados, sendo 28 altamente nocivos, que provocam doenças como sinusite, rinite, bronquite e fibrose pulmonar, cânceres e doenças genéticas. Os poluentes também provocam fibrose pulmonar e doenças ocupacionais como a leucopenia.
(Por Manaira Medeiros, Século Diário, 27/11/2008)