Em forte contraste com as cheias de Santa Catarina, algumas regiões do Rio Grande do Sul estão há quase um mês sem chuva. Com previsão de um verão típico, ou seja, quente e seco, as lavouras que garantiram dois anos de boas safras passam a ser monitoradas com cuidado.
– A tendência para o Rio Grande do Sul no verão é de chuva normal a abaixo da média. Mas a previsão climática é diferente da do tempo, é uma probabilidade. A falta de umidade tanto pode ser severa quanto suave – avisa Lincoln Alves, meteorologista do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Cptec/Inpe).
Uma boa notícia sobre o clima para os produtores agrícolas é que não há previsão de fenômenos como El Niño ou La Niña, que modificam bastante as condições da estação.
– Dizer que há estiagem é exagero. Existe falta momentânea de chuva – diz Cláudio Doro, agrônomo da Emater.
Para Doro, a situação mais preocupante é a do milho. Com 1,45 milhão de hectares plantados, só perde em ocupação de área para a soja, distribuída em 4 milhões de hectares.
– O sucesso ou o fracasso do milho representa um reflexo direto na economia gaúcha. Ainda é cedo para falar em perdas, mas o momento não está bom – pondera o agrônomo.
Conforme Doro, a maior parte da lavoura está na fase de formação da espiga, e a falta de umidade pode comprometer o rendimento do cultivo. Outra inquietação é em relação à soja.
– Deve haver períodos longos de tempo seco intercalados por chuva rápida e mal distribuída. Existe possibilidade de estiagem, mas não severa como em 2005 – afirma Doro.
Ontem, a estação automática do Inmet registrou 37,2ºC em Uruguaiana. Os próximos dias devem ser de calor em todo o Estado. Até o final de semana, não há previsão de chuva devido a uma massa de ar seco sobre o Estado, alerta a Central de Meteorologia.
(ZH, 27/11/2008)