Ele é considerado por conservacionistas o lobo mais raro do mundo --há menos de 500 indivíduos na natureza. E está sendo ameaçado por um vírus comum aos cães domésticos: o da raiva.
O lobo-etíope vem sendo estudado por equipes multidisciplinares que tentam criar uma "barreira anti-rábica" em torno dos grupos existentes nas montanhas do país africano. Para isso, especialistas da Universidade de Oxford e conservacionistas estão vacinando os próprios lobos.
A ação foi iniciada após os resultados desanimadores da vacinação dos cães que vivem perto dos lobos. Os cachorros são animais domésticos do povo oromo, que habita a região do Parque Nacional das Montanhas Bale e também convive com os lobos.
Milhares de cães são vacinados todos os anos, mas isso não impediu a proliferação do vírus entre os lobos. "Catorze já morreram e testes de laboratório confirmaram nosso pior medo: estamos frente a uma outra explosão potencialmente devastadora", afirma Claudio Sillero, da unidade de conservação da vida selvagem da Universidade de Oxford, no site da instituição. "Se não houver monitoramento, a raiva poderá matar mais de dois terços de todos os lobos em Bale", completou.
A vacinação dos lobos começou no fim de outubro, sob coordenação de Sillero e de Fekadu Shiferaw, do Programa de Conservação do Lobo Etíope. "Rastrear e vacinar esses animais não é uma tarefa fácil", considera Silleto. "Nossa equipe de veterinários viaja a cavalo e acampa em montanhas remotas de grande altitude com temperaturas abaixo dos -15ºC."
Apesar das adversidades, o programa tem obtido bons resultados. Nas duas primeiras semanas, já foram imunizados 46 lobos. Para a conclusão do "cinturão sanitário" em torno dos animais, estão sendo vacinados prioritariamente os indivíduos com maior probabilidade de contato com os cães.
(Folha Online, 26/11/2008)