A demarcação contínua da terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, foi defendida, nesta quinta-feira (20), em ato político organizado pela Contag e a Central única dos Trabalhadores (CUT). Na ocasião, as lideranças indígenas fizeram um ritual de agradecimento e proteção aos espíritos. Dezenas de representantes da sociedade civil, governo federal, especialistas e parlamentares participaram da manifestação e apoiaram à iniciativa.
A mobilização reforça o apoio dos trabalhadores e trabalhadoras rurais á causa indígena. Além disso, teve o objetivo de sensibilizar o Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o caso. A audiência do STF que decidirá a demarcação contínua da área indígena está marcada para o dia 10 de dezembro.
"Queremos mobilizar a sociedade em favor da demarcação contínua. A homologação é um avanço na defesa dos direitos dos povos indígenas e o cancelamento dessa conquista significará um retrocesso", enfatiza a coordenadora da Comissão Nacional de Mulheres da Contag e vice-presidente da CUT Nacional, Carmen Foro.
O coordenador-geral de Identificação e Delimitação da Diretoria de Assuntos Fundiários da Funai, Paulo Santilli, diz que esse apoio dos trabalhadores rurais no debate é da maior importância. "Essa mobilização chama a atenção da sociedade civil para uma questão importante para os índios e todo o País".
A presidente da CUT em Roraima, Rosa Barroso, reforça a importância da manutenção da reserva em área contínua. "Roraima se desenvolverá pelas mãos dos trabalhadores que ali estão e dos indígenas que também contribuem para o fortalecimento do estado", diz.
O prefeito indígena recém-eleito em Roraima, Eliézio Macuxi, retribuiu o apoio e disse que a decisão do judiciário interferirá não só na vida dos indígenas, mas em toda a sociedade brasileira. "Precisamos pensar no plural porque essa será uma decisão que servirá de exemplo para moralizar a questão da constituição brasileira".
O presidente da Contag, Manoel dos Santos, fez menção ao Dia da Consciência Negra, comemorado ontem (20), e disse que o Estado tem uma dívida muito grande essas comunidades étnicas. Ele lembrou que é urgente a necessidade de interação do governo nas causas fundiárias do País. "O Estado precisa chegar a todas essas áreas de conflito seja entre indígenas e posseiros, seja entre posseiros e quilombolas, não só para fazer o reconhecimento da área, mas para ter uma política que dê fim aos conflitos", concluiu.
(Por Danielle Santos, Agência Contag de Notícias, Cimi, 26/11/2008)