Com a previsão de que o conserto no trecho sul do gasoduto Brasil-Bolívia demore 21 dias, feita ontem pela Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil SA (TBG), a situação dos consumidores de gás natural no Estado se complicou.
Indústrias têm mais despesas com o uso de alternativas e as casas abastecidas a gás ficam mais expostas ao desabastecimento (confira no quadro abaixo as alternativas de cada segmento de consumo). Flávio Ricardo Soares de Soares, diretor técnico-comercial da Sulgás, responsável pela distribuição no Estado, explicou que o dano ao gasoduto em Santa Catarina foi mais extenso do que o inicialmente previsto:
– Um trecho de cerca de 200 metros arqueou e rompeu em vários pedaços. Terá de ser construído um desvio.
Para atender os consumidores com mais dificuldade de substituir o gás natural – residenciais, comerciais e hospitalares –, a TBG informou ter um plano de contingência que garantirá o consumo de até 30 mil metros cúbicos diários para parte de Santa Catarina e todo o Rio Grande do Sul. Esse volume teria ficado armazenado no duto depois do fechamento das válvulas – 15 mil metros cúbicos seriam suficientes para abastecer esses consumidores.
A Sulgás avalia o fornecimento de gás natural comprimido, distribuído em cilindros, como alternativa caso a quantidade retida no duto não seja suficiente. Tanto estoques da distribuidora quanto transporte por carretas, pela BR-116, poderiam ser usados.
Devido à solicitação da Sulgás para redução do consumo, a Gerdau informou ontem, em nota, que suas unidades em Sapucaia do Sul e Charqueadas reduziram as atividades em suas áreas de produção, enquanto a empresa avalia o uso combustíveis alternativos.
A Sulgás está pedindo a todos os clientes com possibilidade de usar combustíveis alternativos que colaborem para manter o gás estocado – que deve ser destinado aos com mais dificuldade de substituição. É o caso do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, que mantém consumo parcial de gás, mas já adotou óleo diesel em uma das caldeiras.
– Nas casas, seria necessário fazer reconversão dos aparelhos, o que provocaria transtorno – admitiu Soares.
A situação preocupa que tem apenas o gás natural como opção, caso de moradores de 20 prédios na Capital. São 331 famílias que dependem do combustível fornecido por meio de uma rede canalizada para ligar fogões e fazer funcionar aquecedores de água.
– Somos 100% dependentes do fornecimento da Sulgás. Não temos plano B – diz o economista João Carlos Chassot, subsíndico de um prédio de 11 apartamentos.
(Zero Hora, 26/11/2008)