Para resolver seus principais problemas em relação aos recursos hídricos, o Brasil precisa universalizar o acesso ao saneamento básico e à distribuição de água. Mas, para isso, o país teria que investir R$ 200 bilhões nos próximos dez anos, segundo o diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), José Machado, que participa do Fórum de Águas das Américas, em Foz do Iguaçu.
“O problema é saber de onde sairia esse dinheiro”, disse Machado. Segundo ele, com esse investimento, ao final de dez anos todas as casas teriam água tratada, seriam ligadas à rede de esgoto e esse esgoto também seria tratado.
O representante da ANA acredita que a gestão das águas deve ser uma prioridade de Estado e não uma questão político-partidária. Além disso, acha que cada Estado deveria ter um órgão regulador dos recursos hídricos, para garantir o fornecimento e a qualidade da água. “O principal papel da ANA é induzir a boa gestão da água”, afirmou.
Rio São Francisco
Machado vê a transposição do Rio São Francisco como uma grande ajuda ao sertão nordestino, principalmente para os quatro estados mais ao norte. “A água do São Francisco vai irrigar aquela região e alimentar os pequenos rios intermitentes. Esses rios passarão a ser perenes e fornecer água constantemente à região”.
Nesta segunda-feira, Machado participou do Fórum como integrante da delegação brasileira. O Brasil e outros 36 países da América se reúnem para definir as principais questões do continente relacionadas aos recursos hídricos. Ao final do encontro, será redigida a Mensagem de Foz do Iguaçu, com as posições do continente que serão levada ao Fórum Mundial das Águas, marcado para março de 2009, em Istambul, Turquia.
Cultivando Água Boa
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse nesta segunda-feira que o Programa Cultivando Água Boa, da Itaipu Binacional, está na “vanguarda nacional” e pode servir de exemplo para outras hidrelétricas.
Minc participou, domingo à noite, da abertura do 5º Encontro Cultivando Água Boa e do Fórum de Águas das Américas, em Foz do Iguaçu. Ele prometeu que vai pedir ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que o programa desenvolvido por Itaipu na Bacia do Paraná 3 seja replicado em outras usinas. “Itaipu está de parabéns: gera energia e defende o meio ambiente”, elogiou o ministro.
Os dois encontros, que têm como tema a preservação ambiental e o futuro dos recursos hídricos, ocorrem simultaneamente, até terça-feira, no Hotel Rafain Palace. Além de Minc, participaram da solenidade de abertura o presidente do Conselho Mundial da Água, Loïc Fauchon, o ministro do Meio Ambiente da Turquia, Veysel Eroglu, o governador do Paraná, Roberto Requião, a senadora Marina Silva, o diretor-presidente da Agência Nacional de Águas, José Machado, os diretores-gerais brasileiro e paraguaio de Itaipu, Jorge Samek e Carlos Quinto Mateo Balmeli, prefeitos de municípios da Bacia do Paraná 3 e outras autoridades.
Mais de três mil pessoas participam do 5º Encontro Cultivando Água Boa, que é aberto ao público em geral, com oficinas sobre gestão de bacias hidrográficas, agricultura sustentável, cultivo de plantas medicinais, gestão de resíduos, energias renováveis e edificações sustentáveis, entre outras.
(Envolverde/Agência Amazônia, Jornal de Itaipu Eletrônico, 25/11/2008)