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atum vermelho
2008-11-26

O futuro do atum vermelho continua sombrio. A reunião anual da Comissão Internacional para a Conservação dos Tunídeos do Atlântico (ICCAT) chegou a um veredicto sobre a espécie muito aquém do esperado, que prevê uma pequena diminuição das quotas de captura permitidas. Uma decisão que o Fundo Mundial para a Natureza (WWF) classifica de “vergonhosa”.

Pouco se altera. Das 28 mil toneladas pescadas em 2008, há uma redução para as 22 mil. Um número muito aquém da proposta dos cientistas da ICCAT que chegaram à reunião, que começou na semana passada, em Marraquexe, Marrocos, com uma proposta para registar as quotas de pesca do atum vermelho entre as oito e as 15 toneladas.

Além desta proposta, a proibição de captura da espécie entre os meses de Maio e Junho, altura em que estes tunídeos se reproduzem, também foi deixada de lado. Em vez disso, a ICCAT optou por interromper a pesca entre Junho e Abril.

Os ambientalistas que participaram na reunião consideram que “isto não é nenhuma decisão, é uma desgraça”, afirmou Sergi Tutela, responsável pelo programa de pescas no mediterrâneo da WWF.

A ICCAT “vangloria-se de respeitar a ciência mas permitiu que numa década a captura de atum vermelho tenha aumentado entre duas e quatro vezes em relação às recomendações dos cientistas, com pescas legais e ilegais massivas”, explicou Tutela.

A mudança de opinião do Japão
O plano de recuperação e pesca desta espécie em vias de extinção - nos últimos dez anos a população de atuns vermelhos diminuiu 90 por cento - foi aprovado pela União Europeia, Marrocos, Argélia, Tunísia, Egipto, Síria e Japão. Este último país, ao longo da semana, foi mudando a sua postura inicial que se situava na fixação das quotas no nível máximo proposto pelos cientistas da ICCAT e na proibição de pesca durante todo o período de desova.

Segundo aponta o comunicado da WWF, durante o debate circularam informações de que a Comissão Europeia estaria alegadamente a ameaçar alguns Estados-Membros com retaliações caso estes decidissem apoiar limites mais baixos de captura, “o que provocou alterações constantes na lista de países a suportar cada uma das propostas”, explica o grupo ambientalista.

Uma postura diferente quanto aos resultados da reunião tem Fábio Hazim, presidente do ICCAT, que afirmou, citado pelo “El Mundo”: “não são as medidas ideais, mas são as possíveis, temos que entender que existem vários aspectos que se têm que ter em conta. As decisões tomadas serão cruciais à conservação” da espécie.

Na reunião anual que terminou ontem também foi aprovada a presença de observadores do ICCAT nos navios de pesca e a identificação até 2010 das zonas de desova no Mediterrâneo, com o objectivo de criar reservas para o atum. Um encontro cujas conclusões o ICCAT classifica de “muito importantes”.

Em comunicado, a Greenpeace disse que “o jogo acabou – o ICCAT perdeu a sua última oportunidade para salvar o atum vermelho do colapso”. “Os últimos sete dias demonstraram que o ICCAT é uma farsa. Esta reunião foi mais parecida a um mercado do que a um encontro entre Estados, com os governos e a indústria a regatear sem piedade o último atum”, acrescentou a Greenpeace.

(Ecosfera, 25/11/2008)


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