O técnico da Gerência de Saúde Ambiental da Vigilância Sanitária Estadual, Gecílio Julião da Lapa Filho, com 29 anos de experiência na área, alertou que, em que pese a gravidade do momento, quando as águas baixarem os cuidados deverão ser extremos. Ele orientou, por exemplo, que qualquer alimento que tenha tido contato com águas da enchente deve ser descartado, mesmo aqueles que, aparentemente, tenham suas embalagens intactas, como garrafas PET ou de vidro, e enlatados. “Os agentes contaminantes são inúmeros e não há como calcular qual o grau de comprometimento de cada alimento. Nesse caso, é melhor prevenir não consumindo esses produtos”, explicou.
Outro cuidado é com a água a ser consumida. Gecílio recomendou que mesmo que o líquido venha de redes de distribuição de água tratada, e não apresente mau cheiro ou turbidez, deve ser fervido e filtrado, uma vez que a eficiência das estações de tratamento cai pelo metade em situações como esta. “Quando não for possível ferver a água, deve-se colocar hipoclorito de sódio (água sanitária concentrada), na proporção de duas gotas para cada litro.” A Vigilância Sanitária Estadual já está intensificando a distribuição de hipoclorito de sódio nas unidades municipais de saúde. O produto deve ser usado, por exemplo, na limpeza e desinfecção de poços artesianos e cisternas.
Quando for possível iniciar o processo de limpeza das casas, o cuidado deve ser redobrado. Isso porque é nessa fase que mais ocorrem contaminações por leptospirose (doença causada pela bactéria Leptospira interrogans, presente na urina de ratos). “Aconselhamos que pessoas com qualquer tipo de ferimento, por menor que seja, não se envolvam nessas limpezas. Para prevenir, todos devem usar luvas e botas para evitar o contato direto com a água suja”, sugeriu Gecílio.
Ele acrescentou ainda que todos os focos de água parada devem ser eliminados como forma de prevenção ao surgimento de focos do mosquito transmissor da dengue.
(Por Andréa Leonora,
AL-SC, 24/11/2008)