Indicadores sociais revelam que município combate a pobrezaA cidade brasileira onde os pobres são menos pobres: esse foi o título conquistado por Caxias, de acordo com um indicador traçado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. O Índice de Desenvolvimento Familiar (IDF) do município atingiu 0,71, o mais alto do país. Para construir o ranking, o Ministério levou em conta aspectos como analfabetismo, número de trabalhadores formalmente empregados, circulação de dinheiro e condições de moradia.
No ano passado, Caxias foi considerado município livre de analfabetismo pelo Ministério da Educação (MEC). Com uma taxa de apenas 3,6% de pessoas que não sabem ler e escrever, o nível de alfabetização caxiense se equivale ao de países da Europa. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, quase 100% da cidade é atendida por rede de água e de esgoto. O Produto Interno Bruto (PIB) per capita, que quase atinge os R$ 21 mil, foi outro fator levado em conta para o indicador positivo. O fato de que apenas 5,3% dos moradores, ou 7 mil famílias, segundo a Fundação de Assistência Social (FAS), receberem o benefício do Bolsa-Família também pesou.
– Acredito que isso é fruto do forte trabalho desenvolvido pela rede de assistência social da cidade, tanto de entidades quanto de organizações governamentais – analisa a presidente da FAS, Maria de Lurdes Grison.
Ela cita projetos como o Programa de Atendimento Integral à Família (Paif), que realiza capacitação de técnicos de entidades, em parceria da FAS com a Universidade de Caxias do Sul (UCS), para atender famílias de forma continuada e qualificada.
– As pessoas atendidas são estimuladas a fazer cursos profissionalizantes. Também se atrela a família receber um benefício com manter os filhos na escola, procurar uma unidade básica de saúde (UBS), se capacitar para o mercado de trabalho – acrescenta Maria de Lurdes.
Assim como a riqueza no país, as melhores cidades no IDF concentram-se nas regiões Sul e Sudeste. As 100 melhores são municípios de cinco Estados: São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais e Santa Catarina. Há apenas três exceções: duas cidades de Goiás e Fernando de Noronha (PE).
– Nós fizemos uma análise e há uma correlação muito próxima com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Mas há uma vantagem: se há uma concentração de renda na cidade, a pobreza pode ficar escondida nos dados macroeconômicos. O IDF a revela – explica a secretária de renda e cidadania do Ministério do Desenvolvimento, Lucia Modesto.
Em São Paulo, por exemplo, o IDF mostra que as famílias mais pobres não têm tantos problemas de moradia, acesso à água tratada ou escolaridade baixa. Mas, apesar da riqueza da cidade, podem ter tanta dificuldade de encontrar emprego formal quanto em municípios do interior do Nordeste.
(
Pioneiro, 25/11/2008)