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biocombustíveis
2008-11-25

Delegados de 92 países estiveram reunidos por cinco dias em São Paulo para avaliar se os biocombustíveis podem ser promotores de desenvolvimento sustentável. O Brasil busca ampliar o debate e inibir o que considera falsas idéias sobre essa produção. “Queremos um debate amplo, baseado em dados científicos e técnicos. O País está disposto a participar de qualquer fórum sobre este assunto, seja com governos, organizações não-governamentais, grupos contrários ou favoráveis a esta tecnologia”, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao encerrar a I Conferência Internacional sobre Biocombustíveis, realizada na semana passada. “O importante é que não se propague sobre este assunto nenhuma mentira ou falsa idéia”, acrescentou.

Enquanto o petróleo se concentra em cerca de 10 países grandes produtores, os agrocombustíveis – etanol e biodiesel destilados de vegetais – abrem um campo de geração de emprego e renda para mais de cem países em desenvolvimento, afirmou o Lula. “O Brasil quer compartilhar sua experiência de 30 anos, pois comprovamos que os biocombustíveis são um instrumento para provocar transformações na vida das pessoas. Permitem criar renda no campo e na cidade e se originam em um conhecimento que pode ser transferido aos países pobres com baixo custo”, insistiu.

A cana-de-açúcar, o milho, a palma, a colza e a beterraba são alguns dos cultivos usados para se obter etanol e biodiesel. “Esta tecnologia não é importante apenas para o Brasil, mas para todo o planeta”, reforçou o governador José Serra, presente à cerimônia. O etanol de cana-de-açúcar emite 90% menos gases causadores do efeito estufa do que a gasolina e não produz emanações de dióxido de enxofre, acrescentou. Mas, seu avanço no mercado internacional encontra um obstáculo nas barreiras aduaneiras e nos subsídios.

“Os Estados Unidos defendem o livre comércio, mas não o pratica”, disse Serra se referindo aos impostos que Washington impõe às importações de etanol brasileiro. O governador anunciou que o Estado de São Paulo, principal produtor de etanol, vai inaugurar um centro de pesquisa de alto nível, com orçamento de US$ 44 milhões para dois anos de atividade, aos quais se somarão US$ 36,5 milhões para distribuir em projetos de pesquisas que serão entregues por meio de licitações.

A tônica dos países em desenvolvimento que participaram da conferência foi dada pelos pedidos de cooperação técnica e transferência de tecnologia. “Ajudem-nos a organizar este setor na África”, pediu o presidente da Academia Africana de Ciências, o sudanês Mohammad Hassan. A América Latina também parece contar com a liderança brasileira para entrar com pé firme nesse mercado. “O Brasil pode ser o país a nos ajudar”, disse à IPS a secretária-executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), Alicia Bárcena. E as delegações de nações ricas solicitaram associações comerciais, pois querem se livrar da dependência do petróleo e não dispõem de clima nem de terras suficientes para produzir etanol ou biodiesel.

A chancelaria brasileira afirma que o País está aberto ao intercâmbio, através da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa). Além disso, atuará junto às Nações Unidas para organizar uma conferência mundial, que seria uma conseqüência deste primeiro encontro internacional. Portanto, a diplomacia nacional está muito satisfeita com os resultados da reunião que organizou. Durante o encontro o Brasil divulgou estudos mostrando que os cultivos destinados à energia não afetam no estão afetando a produção de alimentos, pois ocupam menos de 1% das terras agrícolas do planeta.“Na reunião do Grupo dos Oito no Japão, pudemos demonstrar que os preços dos alimentos subiram por causa da especulação nos mercados futuros”, afirmou o presidente Lula, referência à cúpula realizada este ano pelos governantes dos países mais poderosos do mundo: Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Itália, Japão e Rússia. “A fome se deve à falta de dinheiro para comprar comida e não à escassez de alimentos”, enfatizou o economista Ignacy Sachs em uma reunião plenária sobre segurança alimentar. A produção de biocombustíveis, se bem administrada, pode ser alavanca de um novo ciclo de desenvolvimento rural baseado não apenas na agricultura, acrescentou.

“O mito de que o mercado se auto-regula caiu. Necessitamos de políticas públicas eficazes para levar capacitação e assistência técnica aos pequenos produtores, assim como financiamento especifico para mantê-los no campo, com tecnologia, conforto e boas condições de vida”, explicou Sachs, professor honorário na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris e na Universidade de São Paulo (USP).

João Pedro Stedile, dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e da Via Camponesa Internacional, concorda com Sachs. “Defendemos o princípio da soberania alimentar, que em cada região e em cada país os governos apliquem políticas de estímulo e garantia da produção e o acesso de todos aos alimentos necessários para suas populações”, afirmou em um texto divulgado na conferência.

Para regular o uso da terra no Brasil, o governo se comprometeu a realizar um reordenamento territorial agroecológico, para proteger a Amazônia, o Pantanal e outras áreas de florestas nativas, e, ainda, a incluir as autoridades locais no combate ao desmatamento. Os riscos ambientais das monoculturas e a necessidade de reduzir o consumo foram levantados pelas organizações não-governamentais. O setor empresarial alega que se avançou em pesquisa e eficiência na produção, reduzindo o uso de água e com aproveitamento inteligente de resíduos em geradores biológicos de eletricidade e outros bens. De forma paralela à conferência, foi realizada uma feira com exposição de avanços tecnológicos e veículos, como o avião Ipanema, tratores, motocicletas e ônibus movidos a etanol.

(Por Neuza Árbocz, IPS, Envolverde, 24/11/2008)


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