Minc, Requião, Marina Silva e demais autoridades brasileiras e estrangeiras chamaram a atenção para a importância das políticas locais em meio ambiente.
Mais de duas mil pessoas acompanharam ontem (23/11) a abertura do Fórum de Águas das Américas e o V Encontro Cultivando Água Boa, eventos que acontecem até amanhã (25), em Foz do Iguaçu, no Paraná, e reúnem representantes de 37 países das Américas do Sul, do Norte, Central e do Caribe.
Os discursos foram otimistas, de maneira geral, e destacaram a importância do evento em formular políticas comuns às nações envolvidas. Revezaram-se ao microfone o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que destacou as ações de sua pasta no combate à poluição das águas, e defendeu a cobrança diferenciada pelo uso das águas fluviais.
“Esse evento é uma oportunidade de nós tratarmos em conjunto do Aqüífero Guarani e seus usos múltiplos, das nossas políticas de saneamento, do reflorestamento das margens e da qualidade da nossa água”, afirmou. “Vejo a importância da integração entre os países irmãos. Os nossos corredores têm de envolver os países irmãos, precisamos construir uma consciência latino-americana pelas águas e pelo desenvolvimento sustentável," disse. Minc anunciou ainda que o governo brasileiro estuda financiar programas para a preservação de microbacias hidrográficas.
O governador do Paraná, Roberto Requião, ressaltou o trabalho da Itaipu Binacional com ênfase no meio ambiente, “a consciência de que todos somos responsáveis pelo meio ambiente”.
Já o diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), José Machado, disse que após terem participado do último encontro no México, viu-se a necessidade de articular melhor as propostas para levar a Istambul, na Turquia. “Nosso objetivo é buscar insistentemente o uso sustentável da água”, disse.
Para a senadora e ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, o fórum tem um significado especial por estar sendo realizado no Brasil, “que possui 11% de toda água doce do mundo, a maior floresta e que ainda preserva 60% de seu território com cobertura vegetal”, disse Marina, que preside a subcomissão de Águas do Senado.
Entre as autoridades estrangeiras, o presidente do Conselho Mundial da Água, Loïc Fauchon, um especialista em gestão de recursos hídricos e saneamento, afirmou que o crescimento acelerado e descontrolado das metrópoles e as mudanças climáticas são as principais ameaças à falta de água potável.
"Só a cooperação entre os países no gerenciamento dos recursos hídricos podem resolver o problema", disse o dirigente francês, que falou o tempo todo em espanhol e pediu perdão por ainda não ter aprendido a lingua portuguesa.
Hoje (24/11), cada uma das sub-regiões presentes (Américas do Sul, do Norte, Central e Caribe) realizará sessões plenárias para debater documentos previamente elaborados nas próprias regiões e que se referem principalmente à gestão de recursos hídricos. Na terça, haverá a apresentação e o debate do Documento Regional das Américas, que será levado para o Fórum Mundial, na Turquia. O documento técnico abordará a situação dos recursos hídricos e tratará da gestão da água no continente.
As discussões das sub-regiões também contribuirão para a Mensagem de Foz do Iguaçu, que será concluída em 25/11, a qual elencará as principais questões que os governos devem tratar no âmbito da gestão de recursos hídricos, segundo uma visão pan-americana. Promovido pelo Consórcio Regional das Américas (CRA), o Fórum levantará questões que servirão de base para as direrizes a serem abordadas no Fórum Mundial das Águas 2009, que será realizado em Istambul, na Turquia.
Fará um diagnóstico da situação da política e gestão da água no continente e traçará propostas de políticas para o setor, adequadas para enfrentar o desafio do cenário atual de mudanças climáticas.
O Fórum de Águas das Américas conta com a presença de mais de 200 profissionais ligados à gestão e política de recursos hídricos do governo, sociedade civil organizada, universidade, setores usuários de água e a classe política tomadora de decisão. Todo este público avaliará o desenvolvimento e o progresso que os países do continente atingiram na última década em termos de políticas de água.
Cultivando Água Boa
Organizado pela Itaipu Binacional, o V Encontro Cultivando Água Boa ocorre no mesmo local e simultaneamente ao Fórum de Águas das Américas. Guiado pelos temas “Pacto pela Vida Sustentável” e “Superando Divisores de Água”, o evento tem o objetivo de avaliar as práticas socioambientais promovidas pelo Cultivando Água Boa e parceiros dos 29 municípios da bacia hidrográfica do Paraná 3. Ao término das discussões, será firmado um pacto coletivo que comprometerá os participantes a realizar ações resultantes dos debates e traçará resultados a serem alcançados nos próximos anos.
(Por Cleber Dioni, AmbienteJÁ, 24/11/2008)