Ao menos 22 pessoas morreram devido às fortes chuvas que atingem Santa Catarina há quatro meses. Com a intensificação do mau tempo nos últimos dias, subiu para 18.127 o número de pessoas desabrigadas em todo o Estado, segundo informações da Defesa Civil.

As cidades mais atingidas são as do litoral norte do Estado e nas regiões próximas ao rio Itajaí-Açu. Quatro cidades estão isoladas: Rio dos Cedros, Pomerode, Itapoa e Benedito Novo.

As mortes --quase todas por soterramento-- aconteceram nas cidades de Blumenau (10), Luiz Alves (4), Jaraguá (3), Pomerode (1), Brusque (1), Gaspar (1) e Garuva (1). Em Bom Jardim da Serra uma pessoa que estava em um carro atingido pela chuva não conseguiu sair do veículo e se afogou.

Segundo cálculos da Defesa Civil, o número de afetados é de mais de 1,5 milhão de pessoas. Cerca de 250 mil pessoas estão sem energia elétrica no Estado, de acordo com a Celesc (Centrais Elétricas de SC). A Casan (Companhia Catarinense de Águas e Saneamento) adotou a partir da noite deste domingo o racionamento de água.

O fornecimento de gás natural na região do Alto Vale do Itajaí foi interrompido no final da noite deste domingo, após vazamento de tubo da TBG (Transporte de Gasoduto Brasil-Bolívia). A Defesa Civil recomendou a interrupção do serviço por causa da possibilidade de mais deslizamentos de terra na região e para evitar mais vazamento.

Chuvas

Segundo o Ciram (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de SC), a tendência para os próximos dias é que a intensidade da chuva diminua, mas o tempo deve permanecer úmido na Grande Florianópolis e principalmente no litoral norte até a próxima terça ou quarta-feira.

A preocupação agora é que com a diminuição dos níveis dos rios, as águas ganhem velocidade e provoquem erosão das margens e deslizamentos. Encostas, morros e margens de rios são os pontos mais vulneráveis, segundo a Defesa Civil Estadual.

Os moradores de áreas de risco devem ficar atentos a ruídos estranhos, movimentação de solos, rachaduras e declínio de árvores. Os desalojados --aqueles que tiveram de ir para abrigos mas não tiveram danos estruturais em suas casas-- devem ficar atentos aos alimentos que foram atingidos pelas águas da chuva e descartá-los.

De acordo com uma nota divulgada pelo governo do Estado, a Defesa Civil já já está distribuindo colchões, cobertores e lonas plásticas aos municípios afetados. O Exército enviará ainda neste domingo dois helicópteros, um Pantera e um Esquilo, de Taubaté (SP), para monitorar as situações em Joinville e Blumenau, duas das cidades mais afetadas.

A cheia de mais de dez metros do rio Itajaí-Açu provocou alagamentos em 62 ruas. Dez trechos em rodovias estaduais e nove em federais estão interditados em virtude das chuvas.

Situação de emergência

O governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira (PMDB), decretou neste sábado situação de emergência em todo Estado. A medida tem duração de 180 dias.

Silveira pediu apoio aos governadores do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), e do Paraná, Roberto Requião (PMDB), para auxiliar a Defesa Civil catarinense a atender as famílias atingidas pelas chuvas.

Na situação de emergência é permitida a compra, independentemente de licitação e formalidades legais, para, entre outros, requisitar veículos, máquinas e equipamentos de empresas e entidades privada e contratação de pessoal para auxiliar nos trabalhos emergenciais.

Com o decreto, é possível ainda solicitar recursos emergenciais do governo federal para atendimentos aos afetados.

Estado de calamidade

O prefeito de Blumenau, João Paulo Kleinübing, decretou na noite deste domingo (23) estado de calamidade pública. No sábado (22), ele já havia decretado situação de emergência.

Na tarde de domingo, Kleinübing se reuniu com o governador Luiz Henrique da Silveira, na Prefeitura, e acertou para esta segunda-feira (24) a vinda de mais dois helicópteros para ajudar no atendimento às vítimas. O helicóptero da Polícia Militar já participou dos trabalhos no domingo, ao lado de Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Exército e Prefeitura.

Para esta segunda-feira (24), a expectativa é receber 1 mil colchões da Defesa Civil Estadual, encomendados do Rio Grande do Sul, e 10 botes a motor enviados do Paraná pelo Exército. "O grande desafio para esta segunda-feira será abastecer os abrigos com medicamentos e alimentos", explica Kleinübing.

Até a noite de domingo cerca de 800 pessoas estavam em abrigos e outras 4.200 buscaram refúgio na casa de amigos, parentes ou vizinhos.

(Folha Online, 24/11/2008)