Três governadores americanos assinaram dia 20 um acordo com estados brasileiros e províncias da Indonésia voltado para a redução de emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa a partir da destruição florestas tropicais.  A medida faz parte de um movimento que espera liderar o reconhecimento da preservação florestal no próximo acordo internacional sobre clima.  As informações são do veículo Greenwire.

Os governadores americanos: Arnold Schwarzenegger, da California, Rod Blagojevich, de Illinois, e Jim Doyle, de Wisconsin, assinaram o acordo com governadores de quatro estados brasileiros e duas províncias da Indonésia.  A convenção cria regras para preservação florestal dentro do plano climático previsto para a Califórnia.

Tal projeto deve também ser incluído na Iniciativa Climática do Oeste, um programa de créditos ambientais que vem sendo desenvolvido por governos da região ocidental de Estados Unidos, Canadá e México.

O uso de créditos de emissão para a proteção de florestas tem sido um assunto controverso nas discussões internacionais sobre clima, ainda que o desmatamento seja responsável por cerca de 20% das emissões de gases causadores do aquecimento global.

O Brasil, quarto maior emissor de gases do efeito estufa, diz que seus esforços para a preservação da floresta amazônica deveriam ser considerados como créditos sob o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) do Protocolo de Kyoto, que permite a países ricos investir na redução de emissões liderada por nações pobres.  (Climate Wire, Nov. 10).

"Deve haver muita discussão sobre esse assunto, mas falta ação", Schwarzenegger disse aos governantes dos estados mais emissores de gases do efeito estufa, no hotel Beverly Hilton, em Beverly Hills.  "Isso manterá o assunto à frente e ao centro durante o que chamo de continuação de Kyoto".  Brasil e Indonésia são gestores de mais de 60% de todas as florestas tropicais do mundo.

O estado da Califórnia, cujas florestas, conforme se estima, poderiam remover cerca de 10 milhões de toneladas de dióxido carbono do ar até 2020, sinalizou sua intenção no mês passado, em seu plano climático, referindo-se a Brasil e Indonésia como potenciais fontes de créditos florestais.  "Há uma força considerável no esforço para incluir provisões que reconheceriam tais atividades num acordo internacional para pós 2012", diz o plano.

Em 2007, a Califórnia se tornou o primeiro estado a adotar voluntariamente os padrões para verificação de redução de emissões decorrentes do não-desmatamento.  Agora, passando a adotá-los como mandamentos, os protocolos do Registro de Ação da Califórnia sobre Clima irão provavelmente servir como modelo para padrões nacionais e internacionais.

Illinois e Wisconsin também são membros do sistema Midwest, mercado de créditos com início previsto para 2010.  Se tanto Midwest quanto a Iniciativa Climática do Oeste incluírem florestas internacionais nos seus planos de compensações, suas ações quase assegurariam sua inclusão num mercado nacional de emissões.

Enquanto tal movimento não é explícito no acordo sobre florestas tropicais, a mensagem é clara para aqueles que mais poluem.  "A conferência é um tipo de megafone", disse Mary Nichols, presidente do Conselho de Recursos do Ar da Califórnia.

Os governadores brasileiros que assinaram o acordo foram: Antônio Waldez Góes da Silva, do Amapá, Eduardo Braga, do Amazonas, Blairo Maggi, do Mato Grosso e Ana Júlia de Vasconcelos Carepa, do Pará.  Os oficiais da Indonésia presentes foram: Yusuf Irwandi, governador de Aceh, e Barnabas Suebu, governante de Papua.

Para os signatários, o memorando de entendimento, ou MOU, deve auxiliar futuros compromissos se a comunidade internacional adotar o não-desmatamento como instrumento válido para redução de emissões, disseram os signatários.

O MOU é um toque para acordar, disse Ireandi, de Aceh.  "Muitas nações ainda estão dormindo".

Signatários do acordo sobre florestas irão providenciar uma atualização no seu progresso já no ano que vem, durante a conferência sobre clima, em Copenhagen, na Dinamarca.  Também, uma organização sem fins lucrativos de São Francisco anunciou uma doação para financiar o acompanhamento da conferência.  A Fundação Moore, fundada pela Intel em parceria com Gordon Moore, doará aos signatários cerca de 150 mil dólares para que eles voltem a se encontrar e reforcem outros detalhes do programa.

(Amazonia.org.b, 24/11/2008)