Especialistas se assustam com quantidade de animais mortos na costaA temporada de 2008 tem sido rigorosa para um tradicional visitante do Litoral gaúcho. Ambientalistas se surpreendem com o número de pingüins-de-magalhães encontrados mortos na costa nos últimos meses. Somente na quarta-feira, a estudante de mestrado da Unisinos Aurélea Mäder, do Projeto Vidamars, encontrou 360 animais num trecho de 80 quilômetros. Cerca de 40% estavam com petróleo no corpo. Em 2008, foi registrada a morte de 1,5 mil exemplares na costa gaúcha.
Um outro estudo da mesma universidade aponta direção semelhante. O levantamento, feito no curso de Biologia, constatou que 95% dos animais localizados entre Imbé e Capão da Canoa, de junho a agosto, foram vítimas da ação humana.
– Do total, 77,8% apresentavam algum tipo de machucado, corte ou ainda pedaços de corda ou fios de rede e pesca. Outros 17,2% apresentavam manchas de óleo – diz o professor Martin Sander, que orientou a pesquisa da estudante Lilian Geib.
Além da mão humana, o aumento nas mortes pode ser resultado do comportamento atípico dos animais neste inverno. Normalmente, os pingüins viajam da Patagônia até as praias cariocas, mas neste ano animais chegaram a ser recolhidos no litoral do Sergipe.
Os pesquisadores suspeitam que a jornada longa cansa os animais e os expõe a mais perigos, aumentando as mortes. Mas por que foram tão longe? Ninguém sabe ao certo, mas a resposta pode estar em um conjunto de fatores, segundo o médico veterinário Thiago Muniz, do Zoológico de Niterói, no Rio de Janeiro.
– A pesca predatória pode estar forçando mais animais a procurarem alimento longe da costa argentina, fazendo com que cresça o número dos que caem nas correntes marinhas. Além disso, essas correntes tendem a ficar mais intensas com o aumento da temperatura do oceano. E com correntes intensas, sobe a quantidade de animais trazidos para o litoral brasileiro – explica.
Conforme ele, o Zoológico de Niterói recolheu mais de 600 animais em 2008. Nos outros anos, esse número não chegava a 200.
Os especialistas ainda se preocupam com a idade dos pingüins mortos: a maioria tem menos de um ano de idade.
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Zero Hora, 22/11/2008)