O ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) disse nesta sexta-feira (21) em São Paulo que convocou o embaixador brasileiro no Equador para estudar medidas a serem tomadas em relação ao anúncio de que o país vizinho quer suspender o pagamento de dívida contraída com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O Equador conseguiu empréstimo de US$ 243 milhões para a construção no país da usina hidrelétrica San Francisco.
Conforme nota divulgada hoje, o governo recebeu com "séria preocupação a notícia da decisão do Equador" e que a decisão foi anunciada em evento público, sem prévia consulta ou notificação ao governo brasileiro.
"As medidas tomadas pelo governo equatoriano não se combinam com o espírito de diálogo, de amizade e de cooperação, que caracteriza a relação do Brasil com o Equador", diz a nota.
As relações entre o Equador e o Brasil estão estremecidas desde que o presidente Rafael Correa decidiu expulsar do país a construtora Odebrecht, acusada falhas na construção da hidroelétrica San Francisco.
Correa assinou um decreto retirando o visto de funcionários da construtora Odebrecht e, na prática, expulsando-os do país. No mesmo decreto, Correa revogou ainda os vistos de cinco funcionários da também brasileira Companhia Furnas Centrais Elétricas.
A Furnas estava encarregada de fiscalizar a reparação da central hidrelétrica San Francisco construída pela Odebrecht.
O governo brasileiro chegou a adiar uma missão ao país vizinho que estava agendada para o mês passado, em reação à decisão do Equador de expulsar a Odebrecht. Na ocasião, a ministra equatoriana María Isabel Salvador chegou a admitir abalos na relação com o Brasil.
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Folha Online, 21/11/2008)