Entrevista: Lauro Fiuza Júnior, Presidente da AbeeólicaNo debate em busca de energias renováveis, a produção eólica ganha posição de destaque pelo potencial oferecido.
O tema apareceu nas principais palestras internacionais da Eco Power e volta à pauta hoje, às 9h, no debate A força dos ventos na matriz energética mundial, com a participação do presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Lauro Fiuza Júnior.
Em entrevista por e-mail ao Diário Catarinense, ele antecipou um pouco do tema.
Diário Catarinense - Hoje, quais os setores industriais que podem tirar maior proveito da energia eólica?Lauro Fiuza Júnior - O sistema interligado recebe geração de energia de todas as formas. A energia eólica contribui para o melhor balanço de toda geração elétrica do Brasil, beneficiando não isoladamente qualquer setor, mas seu sistema como um todo. Trata-se de uma energia limpa, confiável e eterna.
Qual é a principal barreira hoje para uma maior popularização da energia eólica? O preço ainda é o maior desafio?Com um programa governamental de longo prazo, teremos fabricantes investindo no Brasil e, conseqüentemente, uma queda nos valores de investimentos. Já que a energia eólica tem seu custo calculado quase que unicamente em função do investimento inicial, tendo seu combustível um custo nulo, a redução do investimento é fundamental para seu barateamento.
Qual o potencial do mercado catarinense para o setor?O potencial eólico brasileiro medido pelo Atlas Eólico Brasileiro é conservador. Sua apuração foi feita à altura de 50 metros, apurando um potencial de 143 GW. Hoje, como as torres dos geradores atingem a altura de 100 metros, novo levantamento está sendo feito supondo que haja um potencial pelo menos 50% maior. Santa Catarina, bem como Rio Grande do Sul, interior da Bahia e toda a costa nordestina, são as regiões de maior potencial.
Neste momento de turbulência no mercado internacional devido à crise, com risco de forte redução nos investimentos, o segmento de energia eólica teme alguma retração?O diálogo entre a ABEEólica e o Ministério de Minas e Energia têm sido no sentido de elaborar-se um Programa de Eólica para o Brasil, com metas de longo prazo, contratando-se um montante significativo de potência anualmente e por um período de 10 anos. Defendemos que o setor é capaz de injetar 1 GW ao ano no sistema ao longo desses 10 anos. Esta é a única forma de sinalização para os investidores da existência de um mercado que justifique o investimento de montadoras, indústrias de peças e componentes e empreendedores de parques.
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Diário Catarinense, 21/11/2008)