Etanol seria sinônimo de segurança energética, redução das mudanças climáticas e combate à fome e sugere que seu uso seja obrigatório na gasolina de todo o mundo
Os dois últimos dia da Conferência Internacional sobre Biocombustíveis foram reservados às Sessões Intergovernamentais, que, com um viés político, pretendem discutir o conteúdo produzido pelas plenárias dos três primeiros dias.
Na manhã de quinta-feira, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, abriu o evento defendendo os biocombustíveis como instrumento para aumentar a segurança energética, diminuir as mudanças climáticas e combater a fome e a pobreza.
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, garantiu que o Brasil vai aumentar o uso do etanol em 11% ao ano, reduzindo as emissões do país em 508 milhões de toneladas de CO2 nos próximos dez anos. Minc ainda lembrou a possibilidade de se aproveitar a palha da cana e o vinhoto para gerar energia e diminuir os custos da cadeia produtiva e comentou sobre o desejo do governo em transferir tecnologia a países latino-americanos para a produção de biocombustíveis.
Como resultado da Conferência Internacional, ficou o consenso de que devem ser realizadas ações internacionais, nacionais e regionais em favor dos biocombustíveis, que, ao contrário do que temem os europeus e os norte-americanos, não ameaçariam a segurança energética global, mas contribuiriam para reduzir a dependência do petróleo.
Uma das sugestões apresentadas pelas plenárias é de que se torne obrigatória a mistura de 10% de etanol a toda a gasolina produzida mundialmente, aproveitando a meta da União Européia de ter 5,75% de sua matriz energética renovável em 2010 e 10%, até 2020.
Sobre a preocupação em relação à segurança alimentar,Thomas C. Heller, especialista em direito internacional, ambiental e de energia, assegurou que a cana-de-açúcar ocupa menos de 1% das terras agricultáveis do país. Por outro lado, a União Africana alertou que, com os biocombustíveis, corre-se o risco de que os pequenos produtores percam suas terras para as grandes empresas.
As delegações de diferentes países demonstraram-se preocupadas com a sustentabilidade dos biocombustíveis. O economista Ignacy Sachs voltou a falar da crise financeira como uma oportunidade para um novo ciclo de desenvolvimento mais sustentável e Minc ressaltou a importância de o governo fazer o zoneamento agroecológico da cana, no país.
No quesito inovação, ficou clara a importância de políticas públicas que apóiem as pesquisas e o processo produtivo e de comercialização dos biocombustíveis, a exemplo da mistura obrigatória na gasolina, instituída no Brasil.
O evento reuniu cerca de 30 organismos internacionais e representantes de 92 países. Entre eles, alguns, alem do Brasil e dos Estados Unidos, também têm realizado pesquisas sobre os biocombustíveis. A China e o Japão, por exemplo, vêm apostando em matérias-primas não alimentícias, como insumos de milho, sorgo, celulose, bagaço de cana e palha de arroz.
(Por Thays Prado
, Planeta Sustentável, 20/11/2008)