O Ártico oferecerá novos recursos energéticos e pesqueiros como resultado do aquecimento global e de inovações tecnológicas, afirmou na quinta-feira a União Européia (UE). O derretimento do gelo também significa novas possibilidades de navegação tais como uma rota mais curta para chegar ao oceano Pacífico, disse a Comissão Européia (Poder Executivo da UE).
O rápido desaparecimento do gelo marítimo, da cobertura de neve e do permifrost ajuda a acelerar o aquecimento global. Além disso, a perda da camada de gelo da Groenlândia faria com que o nível dos oceanos subisse rapidamente, disse o órgão em um documento.
Os países do bloco deveriam adotar uma postura coordenada em relação ao Ártico a fim de garantir que a UE esteja em uma posição favorável para tirar vantagem do novo cenário e para que possa ajudar a minimizar os danos resultantes do incremento da atividade humana, afirmou.
A UE deveria trabalhar especialmente com a Rússia e a Noruega a fim de abrir caminho a uma exploração de recursos energéticos que não prejudique o meio ambiente. "O Ártico armazena uma grande quantidade de hidrocarbonetos inexplorados", disse o documento. "Os recursos do Ártico deveriam contribuir para aumentar a segurança da UE quanto a seu provimento de energia e de matérias-primas em geral."
O bloco europeu precisa manter a dianteira quanto à exploração de recursos energéticos e incentivar a pesquisa e as inovações a fim de facilitar a exploração de gás e petróleo em condições climáticas adversas e em águas profundas, afirmou o documento. Ao mesmo tempo, a UE deveria insistir no respeito total ao meio ambiente, disse.
O derretimento da camada de gelo abriria novas rotas de navegação e poderia encurtar em muito viagens marítimas da Europa para o Pacífico bem como abrir novas áreas de pesca, afirmou o documento. Exploradores buscaram durante séculos uma rota do tipo.
A respeito da pesca, o relatório defendeu a adoção de regras para a pesca no alto-mar do Ártico, uma área que ainda não conta com a proteção de leis conservacionistas. Regras deveriam ser criadas antes do surgimento das novas áreas de pesca.
"Até que um regime de conservação e administração esteja em vigor para as áreas ainda sem proteção, nenhum tipo de atividade pesqueira deveria ser iniciada", afirmou.
Três países da UE - a Dinamarca (por meio da Groenlândia), a Finlândia e a Suécia - possuem territórios no Ártico, enquanto a Islândia e a Noruega (que não integram o bloco) fazem parte da Área Econômica Européia.
Um relatório divulgado em setembro pela Agência Ambiental Européia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Comissão Européia descobriu que a superfície mínima recoberta pelo gelo marítimo no Ártico era hoje a metade daquela registrada na década de 50.
(Por David Brunnstrom, Reuters, O Globo, 20/11/2008)