A etiqueta “Made in China”, que hoje está espalhada em produtos por todo o mundo, deve em breve dominar também as exportações de painéis fotovoltaicos. Através de planejamento e políticas de incentivo, a China conseguiu criar um mercado multibilionário para o setor solar em menos de cinco anos e hoje está entre os três maiores produtores mundiais de painéis fotovoltaicos.
“Hoje, 90% do que o país fabrica é exportado, principalmente para a Alemanha e Espanha”, afirma o pesquisador Qian Qiu Zhao, do departamento de Pesquisas em Engenharia e Tecnologia da DuPont. As exportações de módulos fotovoltaicos do país chegaram a US$ 1,2 bilhões em 2006.
Existem hoje mais de cem fabricantes de painéis solares na china e, nos últimos três anos, nove empresas chinesas do setor abriram capital na bolsa de Nova York. “A China não esperou o mercado interno para desenvolver a indústria de painéis fotovoltaicos”, comenta Zhao que está no Brasil participando da III Conferência Latino-americana da ISES (Sociedade Internacional de Energia Solar).
A principal política governamental adotada pelo país foi o “Plano de Cinco Anos”, com o uso da estrutura criada para incentivar outros setores industriais, como as “zonas de alta tecnologia” e as “zonas de livre comércio”, e incentivos para o desenvolvimento econômico local. Zhao cita também os investimentos na formação de pesquisadores no exterior e a formação de profissionais especializados.
“O dr. Shi da Suntech estudou na Universidade de New South Wales, na Austrália, e quando voltou para a China abriu a empresa. O mesmo com a Shanghai JTU e a Beijing PV Inst”, cita Zhao. Ao mesmo tempo, a mão-de-obra barata para a manufatura continua sendo um fator que outros países não conseguem competir.
O especialista destaca que muitas empresas que acumularam riquezas nos últimos 30 anos agora investem neste setor, como as localizadas nas províncias de Jiangsu e Zejiang. Além disso, a indústria solar conta com investidores de Hong Kong, Taiwan e de bancos ocidentais.
Zhao explica que a maioria das empresas chinesas usa a tecnologia de silício cristalino na fabricação, material com uma boa eficiência de conversão energética, mas que o interesse pelo silício amorfo cresce no mundo. “Bilhões de dólares estão sendo investidos hoje em filmes finos de silício amorfo, mas ainda não há prova de durabilidade”, afirma Zhao.
O próximo passo para o país será criar um mercado doméstico que, na opinião de Zhao, será uma evolução natural.
(Por Paula Scheidt, CarbonoBrasil, Envolverde, 19/11/2008)