Um engenheiro da Universidade de Michigan projetou um mecanismo que, com a "tecnologia do peixe", gera energia com os redemoinhos causados pelos fluídos em torno de um corpo, informou nesta quarta-feira (19/11) a publicação científica americana "Journal of Offshore Mechanics and Arctic Engineering".
"Nos últimos 25 anos, os engenheiros, inclusive eu, tentamos suprimir as vibrações induzidas por vórtices", explicou Michael Bernitsas, professor do Departamento de Arquitetura Naval e Engenharia Marinha da Universidade de Michigan e criador da bomba. "Mas agora fazemos exatamente o oposto", acrescentou. "Realçamos as vibrações e controlamos essa força poderosa e destrutiva na natureza".
As vibrações induzidas por redemoinhos são ondulações causadas por um objeto arredondado ou com forma de cilindro em um fluxo de fluídos, que pode ser ar ou água. A presença do objeto causa desvios e transtornos na velocidade da corrente na medida em que passa em torno do corpo. Isso causa redemoinhos ou vórtices.
Esses vórtices empurram o objeto para cima ou para baixo, para a esquerda ou para a direita, de maneira perpendicular à corrente. Bernitsas batizou sua criação de Vivace, sigla em inglês para Vortex Induced Vibration Aquatic Clean Energy, ou seja, Vórtice - forte movimento giratório - Induzido por Vibração para Energia Aquática Limpa, traduzindo para o português.
O sistema não depende de ondas, marés, turbinas e represas, e é o único de energia hidrocinética que utiliza as "vibrações induzidas por um redemoinho". Vivace é a primeira bomba que poderia obter energia da maioria das correntes aquáticas do mundo porque funciona em fluxos que se movimentam a menos de 2 nós (aproximadamente 3,2 km/h).
Há muito tempo se soube que os peixes aproveitam muito bem os vórtices que causam estas vibrações. "Vivace copia aspectos da tecnologia do peixe", explicou Bernitsas no artigo.
(G1, AmbienteBrasil, 20/11/2008)