Diante das dificuldades enfrentadas pelo setor automotivo, um dos maiores empregadores da Europa, líderes do continente decidiram adotar medidas de apoio para ajudar a indústria a produzir veículos ecológicos, ao invés de recorrer a um plano de resgate.
"Não haverá subsídios, e, por outro lado, o setor não está pedindo subsídios", disse nesta quarta-feira (19) o comissário europeu da Indústria, Günter Verheugen, uma semana antes da apresentação do plano de reativação econômica da União Européia (UE), que incluirá medidas dedicadas às montadoras.
A associação de fabricantes automotores (Acea) pediu, no início de outubro, um empréstimo de 40 bilhões de euros (50 bilhões de dólares) para financiar o desenvolvimento de veículos menos poluentes.
Para responder em parte a esta demanda, Verheugen propôs nesta quarta-feira aumentar a linha de crédito já existente no Banco Europeu de Investimentos (BEI), braço financeiro da UE, para "os fabricantes de veículos mais ecológicos".
"Tomaremos as decisões necesárias em dezembro", informou o comissário, acrescentando que o BEI estava "disposto" a aceitar sua idéia.
De fato, um porta-voz do BEI anunciou na segunda-feira que o banco planejava propor aos ministros europeus das Finanças - que se reunirão no dia 2 de dezembro - "aumentar seu volume de empréstimos entre 20 e 30% em 2009 e 2010, o que representa de 10 a 15 bilhões de euros anuais".
Uma parte não especificada desse montante seria destinada à indústria automobilística, que recebeu em média dois bilhões de euros em empréstimos do BEI nos últimos três anos.
Para permitir este aumento, os 27 Estados membros da UE deverão aportar os recursos necessários ao banco, indicou por sua vez o secretário de Estado francês para Assuntos Europeus, Jean-Pierre Jouyet, cujo país ocupa a presidência rotativa do bloco até o fim do ano.
Jouyet reconheceu que 2008 será talvez o "pior resultado" em matéria de novas contratações na Europa desde 1993 (-5%), mas garantiu que as "grandes montadoras" continuariam registrando lucros até o fim do ano.
Por isso, a presidência francesa da UE defende "medidas precisas e temporárias de apoio", afirmou Jouyet.
Levando em consideração que os europeus se comprometeram a reduzir suas emissões de gases causadores do efeito estuda em 20% até o fim de 2020, Jouyet destacou que essas medidas de apoio poderiam servir para "melhorar ainda mais o desempenho tecnológico e ecológico do parque automotivo europeu".
Seguindo a mesma linha, a Acea espera ajudar também os consumidores, para que possam trocar seus carros por modelos menos poluentes.
Günter Verheugen também apoiou a idéia, citando também a implantação de incentivos fiscais para reforçar a demanda por "veículos verdes". O comissário adverte, no entanto, contra o "efeito cumulativo" nos preços dos automóveis de todas as medidas impostas às montadoras, como padrões mais altos de segurança, mais qualidade e menos emissões de CO2.
(Yahoo!, AmbienteBrasil, 20/11/2008)