Dentro das comemorações da XVII Semana da Consciência Negra, a Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) participa amanhã, 20, do 1º Encontro Municipal das Comunidades Quilombolas urbanas e rurais, às 14h, no Galpão Crioulo do Parque Harmonia. Durante o evento, técnicas da Fasc distribuirão CDs com os resultados de estudos sobre a população afro-brasileira e a população quilombola da Capital. As pesquisas também podem ser acessadas na Internet, no site da Fasc.
Realizadas entre os meses de novembro de 2007 e abril de 2008, as pesquisas foram desenvolvidas pelo Laboratório de Observação Social (Labors), órgão vinculado ao Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Ufrgs. Tiveram como objetivo contribuir para a reflexão e para a discussão de políticas públicas destinadas a atender esses segmentos.
As pesquisas
Os estudos sobre a população afro-brasileira mostraram que entre as pessoas autodeclaradas negras ou pardas nos bairros de maior vulnerabilidade social de Porto Alegre, 96,8% acreditam existir racismo no Brasil. Embora 54,6% afirmem não serem vítimas de ofensas raciais, a maioria (55,2%) disse que o racismo interfere ou já interferiu em sua vida, principalmente em situações cotidianas (66,7%) e no acesso ao mercado de trabalho (60,5%).
Do universo pesquisado da população autodeclarada negra ou parda de Porto Alegre, 31,8% consideraram uma ótima medida a introdução de cotas raciais nas universidades públicas e 37,1% avaliaram como uma boa medida. Sessenta por cento informaram ter o ensino fundamental incompleto. Quanto à ocupação, 30,4% responderam ser donas de casa e 13% disseram estar desempregados. A média salarial de grande parte dos entrevistados (32,8%) ficou entre um e dois salários mínimos e 32,6% não conseguiram nem atingir o patamar de um salário mínimo.
Quilombos
A pesquisa sobre os quilombos revelou que Porto Alegre tem uma população de 633 pessoas que se reconhecem descendentes de escravos refugiados, distribuídas em 172 famílias em quatro quilombos: a comunidade Família Silva, no bairro Três Figueiras; a Família Fidélix e a comunidade do Areal da Baronesa, na Cidade Baixa; e a comunidade dos Alpes, na Glória.
De acordo com a pesquisa da população quilombola, 52,1% dos afrodescendentes são homens e 47,9% são mulheres; 58,7% estão no Bairro Cidade Baixa, 32,6% no Bairro Glória e 8,7% no Bairro Três Figueiras. Entre os quatro quilombos, a comunidade que mais destoa do seu entorno é a Família Silva, em Três Figueiras. O rendimento médio mensal dos responsáveis por domicílio do bairro é o maior da Capital – 37 salários mínimos – e o dos quilombolas, cerca de 1 a 4 salários. Leia mais sobre os quilombos de Porto Alegre. Veja aqui programação da XVII Semana da Consciência Negra e histórico dos quilombos.
(Prefeitura de Porto Alegre, 19/11/2008)