Em entrevista à Agência Senado antes de abrir o segundo dia de encontro do Parlamento Latino-Americano (Parlatino), nesta terça-feira (18/11), em Brasília, o senador Renato Casagrande (PSB-ES) defendeu a definição de uma agenda comum para os legislativos do bloco. Casagrande, que preside o grupo brasileiro de apoio à entidade, se disse confiante no fortalecimento da integração dos países latino-americanos.
- Se conseguirmos construir uma agenda comum, poderemos desenvolver legislações semelhantes nos parlamentos, dando sustentação política a medidas de integração dos países da América Latina a serem implementadas pelos governos - afirmou.
O senador destacou a importância do encontro, que reúne parlamentares das comissões de Energia e Minas e de Meio Ambiente e Turismo do Parlatino. Para ele, a crise financeira internacional e os impactos das mudanças climáticas exigem o aprofundamento do entendimento dos países latino-americanos de forma a permitir a construção de instrumentos de ajuda mútua para o enfrentamento dos problemas.
Casagrande sugeriu o estreitamento de parcerias entre os países da região para um melhor aproveitamento dos recursos hídricos existentes, visando à produção de energia hidrelétrica. Como exemplo de ações a serem realizadas, citou a busca conjunta de financiamentos, junto a organismos internacionais, para viabilizar a construção de usinas.
Ainda como estratégia para potencializar o uso de fontes limpas de energia, o senador defendeu a eliminação de barreiras comerciais na América Latina para o mercado de etanol.
- Não apenas o Brasil, mas muitos outros países latino-americanos têm condições de plantar cana e produzir etanol. Precisamos construir um amplo entendimento para a produção de energias limpas, tendo claro que não somos adversários, mas aliados na busca da sustentabilidade energética - frisou ele.
Biocombustíveis
Na primeira palestra do dia, a experiência brasileira de produção de biocombustíveis foi apresentada pelo deputado Fernando Ferro (PT-PE). Ao destacar o programa de incentivos ao etanol, o deputado informou que a expansão do uso de álcool hidratado fez com que os combustíveis de origem vegetal atingissem 16% da matriz energética brasileira, à frente da energia hidroelétrica, responsável por 14% do consumo.
Questionado sobre riscos de prejuízo à produção de alimentos frente ao avanço do plantio de cana-de-açúcar, Fernando Ferro argumentou que a regulamentação do mercado pelo governo pode evitar especulação e desabastecimento alimentar. Ele também sugeriu o fortalecimento de parcerias para que mais países da América Latina possam incluir os biocombustíveis entre as fontes renováveis de energia.
(Por Iara Guimarães Altafin, Agência Senado, 18/11/2008)