O presidente eleito dos Estados Unidos, o democrata Barack Obama assumiu o compromisso de que até 2020 seu governo vai equiparar as emissões de carbono aos níveis de 1990 e reduzir os lançamentos em 80% até o ano de 2050. O anúncio foi feito por meio de mensagem exibida em vídeo, na abertura do Fórum Global de Governadores Sobre Mudanças Climáticas, que está sendo realizado em Los Angeles, na Califórnia, sob a promoção do governador Arnold Schwarzenegger.
Anunciou ainda que seu governo irá investir U$ 50 bilhões em um futuro mais limpo, que inclui a geração de energias alternativas e cinco milhões de novos empregos verdes. Obama disse ainda que os Estados Unidos pretendem liderar o debate sobre mudanças climáticas globais. “Não podemos negar essa responsabilidade”, reconheceu. Para ele a tarefa não será fácil, mas assegurou que na sua gestão, todo governo que quiser promover energia limpa terá um aliado em Washington e o apoio dos Estados Unidos.
O Brasil está sendo representado no evento pela governadora do Pará, Ana Júlia Carepa e pelos governadores Blairo Maggi (MT) e Eduardo Braga (AM).
O governador Schwarzenegger disse que a cúpula que está ocorrendo em Los Angeles é histórica e que há cinco anos atrás ela não se realizaria pois havia muita resistência aos programas de proteção ao meio ambiente. Schwarzenegger, que está no seu segundo mandato iniciou um movimento de redução de emissões na Califórnia, inédito nos Estados Unidos. A sua idéia era de que é possível proteger o meio ambiente sem afetar a economia, e hoje diz estar convicto de que o desenvolvimento ambiental é saudável aos negócios.
“Enfrentamos resistência na implementação de normas para a redução das emissões de carbono, mas a medida foi acertada pois ajudou a economia, ao invés de prejudicá-la”, relatou Schwarzenegger.
Embora republicano, não deixou de criticar o governo de George W. Bush, que segundo ele não se mostrou entusiasmado com o tema ambiental. “Em janeiro teremos uma nova administração, mas não vou falar muito sobre isso, mas eles estão interessados em adotar políticas já implementadas pela Califórnia”, assegurou. Ele afirmou que está pronto para ajudar o governo de Obama a cumprir esse novo papel ecológico.
Parcerias
Schwarzenegger assinou a primeira lei de redução de emissões de gases causadores do efeito estufa em setembro de 2006, por isso diz se sentir à vontade em ser pioneiro nessa área e que agora quer dar mais um passo construindo parcerias com outros estados e províncias dos Estados Unidos, Brasil, México, Canadá, China, Indonésia e outros. Ele defendeu que os países desenvolvidos promovam benefícios mútuos em favor do meio ambiente.
A governadora Ana Júlia Carepa explicou que o Pará está participando dessa iniciativa pela possibilidade de mostrar a realidade do estado e da Amazônia. Ela anunciou que o Pará deverá apresentar na próxima conferência ambiental os mecanismos de Redução por Desmatamento Evitado (RED, na sigla em inglês) o que vai permitir que o Estado possa captar recursos em projetos de seqüestro de carbono, por exemplo.
O desmatamento da Amazônia é responsável por 75% das emissões do Brasil. Embora não tenha metas de redução, o Brasil tem conseguido diminuir seus lançamentos por meio das ações de combate ao desmatamento, que diminuiu cerca de 50% nos últimos cinco anos. A redução no Pará acompanha o mesmo índice. O secretário de Meio Ambiente, Valmir Ortega, estima que este ano a área desmatada no estado será inferior a 500 mil hectares, o que segundo ele ainda é alto. Em 2004 foi superior a 1 milhão de hectares.
Combate à pobreza
“Só vamos ser eficientes se conseguirmos combater a pobreza, que gera mais degradação; reduzir as emissões dos países desenvolvidos e transformar a economia florestal numa atividade sustentável, que é o que estamos fazendo com nosso programa Um Bilhão de Árvores para a Amazônia”, destacou Ana Júlia. Para ela, não é possível falar em preservação da floresta sem que haja qualidade de vida para a população local. “Que ninguém ouse falar que a população do Pará e da Amazônia não tem direito à energia e a bens de consumo”, argumentou.
A economia gerada pela degradação da floresta movimenta pelo menos R$ 2 bilhões por ano, sobretudo o desmatamento e a produção de carvão ilegal, para combater esse prática é preciso promover negócios sustentáveis no mesmo nível financeiro e esta é um dos pilares do programa Um Bilhão de Árvores para a Amazônia, que deverá promover a restuaração florestal de 1 milhão de hectares, gerar cerca de 100 mil empregos diretos em cinco anos e reter 400 milhões de toneladas de carbono em 20 anos, mitigando os efeitos das mudanças climáticas.
(Por Ivonete Motta, Secom, 18/11/2008)