O Greenpeace está aumentando sua presença global. Na semana passada, a organização ambientalista abriu o seu primeiro escritório na África, localizado em Johannesburgo, na África do Sul. Mais duas bases serão abertas em breve – uma em Kinshasa, na República Democrática do Congo, e outra em Dacar, no Senegal. Ao estabelecer sua presença permanente no continente, o Greenpeace pretende enfrentar os problemas ambientais mais urgentes da região, concentrando seu trabalho no combate às mudanças climáticas, ao desmatamento e à sobrepesca.
O desmatamento das florestas tropicais é responsável por cerca de 20% das emissões globais de gases de efeito estufa. Apesar de sua vasta cobertura florestal, a África contribui muito pouco para o aquecimento global, mas será um dos locais mais atingidos pelos impactos das mudanças climáticas. Estima-se que mais de 180 milhões de pessoas que vivem na região subsaariana podem morrer como conseqüência do aquecimento global até o final deste século. Padrões de chuva imprevisíveis, redução das áreas agrícolas e dos recursos naturais já estão causando migração em massa, com aumento de tensão e conflito em várias regiões.
“Enfrentar os problemas socioambientais na África é vital para garantir um futuro mais justo para suas crianças e para o mundo como um todo. A pobreza e a destruição ambiental estão intimamente relacionadas. Enquanto a proteção dos recursos naturais e da biodiversidade africana não estiver garantida, a população local continuará em guerra e o desenvolvimento continuará insustentável”, disse Amadou Kanoute, diretor-executivo do Greenpeace África. “Ao garantir a proteção do meio ambiente, a África diz não a um processo de desenvolvimento sujo e injusto ao mesmo tempo em que aumenta o papel do continente na busca de soluções globais para um futuro mais verde e pacífico”.
A inauguração do Greenpeace África acontece quase dez anos depois do estabelecimento da base permanente da organização em Manaus, no coração da Amazônia. Assim como na África, o modelo de desenvolvimento que vem se repetindo na Amazônia historicamente tem gerado apenas devastação e injustiça social, com concentração de terra nas mãos de poucos, destruição de habitat, de culturas indígenas, grilagem de terras, violência e abuso aos direitos humanos.
O Greenpeace entende que os problemas ambientais enfrentados pela África são críticos e reais. A luta global pela proteção da natureza está incompleto se não trabalharmos na busca de soluções para e na África.
Mudanças climáticas: A África do Sul é o 14o maior emissor de gás carbônico do mundo e precisa se comprometer com ações mensuráveis para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, incluindo o fim de sua dependência ao carvão, sem recorrer à energia nuclear. O país, assim como todo o continente, deveria aproveitar seus abundantes recursos naturais para a produção de energia a partir de fontes renováveis, como a solar, eólica e biomassa. Essa iniciativa não apenas ajudaria a combater o aquecimento global, como é uma alternativa real de levar eletricidade às áreas rurais, gerando empregos e crescimento econômico.
Florestas tropicais: A exploração industrial de madeira ameaça a bacia do Congo e as 40 milhões de pessoas que dependem da floresta para sobreviver. As florestas da região estocam grandes quantidades de carbono, desempenhando papel fundamental na regulação do clima global. Se a extração de madeira continuar no mesmo ritmo que o atual, a República Democrática do Congo corre o risco de perder 40% de toda a cobertura florestal remanescente nos próximos 40 anos. O Greenpeace defende a adoção de um mecanismo internacional de financiamento voltado para a proteção das florestas e do clima global.
Defendendo os oceanos: A biodiversidade marinha na costa oeste da África está sendo destruída pela pesca de arrasto feita por barcos estrangeiros. Esta atividade tem impactos diretos nas comunidades locais, pois impede que elas tenham uma alimentação adequada, gerando pobreza e insegurança alimentar. O Greenpeace trabalha para garantir que a pesca seja realizada de forma responsável, administrada e financiada por africanos. A criação e implementação de uma rede de reservas marinhas protegidas pode ser parte da solução.
(Greenpeace, 17/11/2008)