Museu Goeldi, com apoio da Conservação Internacional, promove uma feira divertida para apresentar aos visitantes do Parque Zoobotânico suas coleções científicas e explicar suas estratégias para estudar as plantas e animais
No domingo, 16 de novembro, o Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém, foi palco de uma feira especial sobre um dos assuntos mais importantes da Amazônia – sua biodiversidade. Os visitantes do Parque conheceram exemplos do fantástico catálogo amazônico, espalhados em quase 30 estandes. Mais de 140 pesquisadores, técnicos e bolsistas do Museu Paraense Emílio Goeldi demonstraram como e por quê estudam a natureza com o objetivo de permitir conhecer e conservar uma das maiores riquezas do planeta Terra. A realização é da 4a edição do Prêmio Márcio Ayres para Jovens Naturalistas, concurso que convida alunos do ensino fundamental e médio a pesquisar os ecossistemas, a fauna e flora amazônicas. A promoção é do Museu Goeldi e da Conservação Internacional (CI-Brasil).
Com o sugestivo nome de “Pororoca da Biodiversidade”, o evento é uma das estratégias de mobilização do Prêmio Márcio Ayres e promove a participação intensa de taxonomistas do Museu Goeldi e seus auxiliares – os responsáveis pela constituição das coleções científicas botânicas e zoológicas. As coleções preservam informações fundamentais sobre as espécies da fauna e flora, sua diversidade e distribuição geográfica, por exemplo. Dados que permitem a produção de estudos diversos, que podem auxiliar a formulação de políticas públicas de conservação ambiental, como a Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção do Estado do Pará, um exemplo recente resultado de parceria entre MPEG, CI-Brasil e Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema/PA). Ou apoiar documentos que ajudam a resolver conflitos territoriais, como a disputa pelo atual estado do Amapá que envolveu Brasil e França e que contou com a participação decisiva de Emílio Goeldi, um exemplo histórico.
Coleções são resultado direto do esforço de conhecer e inventariar a natureza. Com os exemplares coletados de plantas e animais, e utilizando informações de diferentes disciplinas biológicas, os taxonomistas se dedicam a classificá-los em grupos. Ao evidenciar as diferenças e as relações de parentesco das espécies atuais, estes especialistas nos ajudam a conhecer como os seres vivos evoluem e também a estabelecer hipóteses sobre como estes organismos poderão responder a possíveis mudanças ambientais.
AtraçõesNos estandes da Pororoca, os visitantes puderam conhecer a diversidade do maior grupo do reino animal, a classe dos insetos, com mais riqueza de detalhes sobre gafanhotos - animais consumidores vorazes de folhas e que podem ser pragas para plantações ou fontes de proteínas para muitos povos - e vespas ou “cabas”, como são popularmente conhecidos estes insetos, importantes para o controle biológico de pragas.
Nas barracas seguintes, os destaques foram os representantes dos grupos mais carismáticos da natureza, as aves e os mamíferos. O Brasil é o segundo país mais rico em aves do mundo e a Amazônia brasileira concentra um grande número dessa diversidade.
Jà os mamíferos são considerados os mais evoluídos do reino animal e apresentam uma diversidade de espécies relativamente pequena (mais de 5 mil espécies), se comparada a grupos como peixes (35 mil), moluscos (100 mil) e insetos (10 milhões). O Brasil possui a maior riqueza de mamíferos da região neotropical (650 espécies distribuídas em 12 ordens) e a Amazônia registra mais de 300 destas espécies.
A diversidade de peixes foi o tema de outro estande. Especialistas estimam que existam mais de 1.300 espécies povoando a bacia amazônica, número que cresce à medida em que as pesquisas avançam. Para se ter uma idéia da disparidade dos números no tópico diversidade de peixes, já foram registradas 450 espécies que ocorrem no Rio Negro, mas para toda a Europa as espécies de água doce não passam de 200. Alguns dos estandes mais curiosos foram os de répteis e anfíbios, animais de vida dupla – no seu desenvolvimento inicial vivem em ambientes aquáticos, mas na fase adulta são terrestres -extremamente sensíveis às mudanças ambientais, funcionando como excelentes bioindicadores. O Brasil apresenta a maior riqueza de espécies de anfíbios do mundo.
Quanto ao Reino Vegetal, os pesquisadores e técnicos da Coordenação de Botânica do Museu Goeldi apresentaram sete tópicos para os visitantes da Pororoca: a coleção de madeiras da Amazônia (xiloteca), responsável por informações importantes para a região cuja economia tem como um dos produtos fortes a extração de madeira; a coleção de frutos (carpoteca); a coleção de sementes e as estratégias que as plantas empregam para dispersa-las; a anatomia foliar de plantas amazônicas; as plantas aromáticas (base da perfumaria regional, nacional e internacional) e a diversidade de folhas na Amazônia Brasileira.
Os visitantes também tiveram a oportunidade de ver e ouvir explicações sobre a diversidade da flora do Parque Zoobotânico; a coleção Didática Emília Snethlage, os projetos e publicações da Conservação Internacional; participar do Carro da Leitura da Biblioteca Clara Galvão e conhecer os produtos desenvolvidos com amostras de biodiversidade pelo projeto “Potencialização e Valorização do saber idoso”.
PrêmioLançado em 2003 pelo Museu Goeldi e a Conservação Internacional, o Prêmio Márcio Ayres para Jovens Naturalistas estimula o universo escolar para pesquisar a biodiversidade amazônica. Com duas categorias de premiação – fundamental e médio – o concurso premia os seis melhores trabalhos sobre plantas e animais da Amazônia desenvolvidos por alunos vinculados ao ensino formal e sob orientação de seus professores. Os vencedores recebem valores entre R$ 2.000 e R$ 1.000. Também são premiados professores orientadores e as escolas que obtiverem melhor pontuação. Todos os participantes recebem certificados e as menções honrosas, livros.
O prazo para inscrições de trabalhos na 4a edição do Prêmio Márcio Ayres se encerra no dia 3 de abril de 2009. Os trabalhos de ensino fundamental podem ser individuais ou em grupo. Já os do ensino médio são individuais. Durante a Pororoca da Biodiversidade, os participantes poderão conversar e tirar dúvidas com pesquisadores e técnicos do Museu Goeldi, e ainda com os vencedores de edições anteriores.
(
Amazonia.org.br, 18/11/2008)