Chegou ao fim o corte do eucalipto da Aracruz Celulose que estava plantado dentro da área indígena Tupinikim e Guarani, em Aracruz, no norte do Espírito Santo. A informação é do cacique Cizenando, da aldeia Tupinikim de Caieiras Velha. Segundo ele, agora os índios cobram o início dos estudos prometidos pela Fundação Nacional do Índio (Funai).
O cacique afirmou que desde o último mês, os técnicos que vão iniciar o estudo para avaliar o grau de degradação da terra e criar critérios para o reflorestamento da região, deveriam ter chegado ao Estado. Sem o estudo, os índios ficam de mãos atadas para iniciar qualquer trabalho na terra. A expectativa da comunidade é cultivar alimentos e peixes na região.
O trabalho custará R$ 380 mil à Aracruz Celulose, responsável pela degradação. Como conseqüência do atraso, os índios acreditam que o estudo só começará em 2009. “Já era para esse estudo ter começado há muito tempo. Primeiro, a previsão era após o corte dos eucaliptos, que também já acabou. Agora vamos discutir entre nós se aguardamos o ano que vem, ou se pedimos que seja contratada outra empresa para iniciar os estudos ainda este ano”, ressaltou o cacique.
Para a realização dos estudos, um grupo da Funai esteve no início do ano em Aracruz, para conversar com a comunidade e conhecer melhor as necessidades dos indígenas. Há pressa para que os estudos se iniciem.
Além das condições da terra, o estudo avaliará também os prejuízos ambientais e culturais causados pela monocultura do eucalipto, as formas de vida no passado, e como isso poderá ser resgatado, gerando sustentabilidade em meio à realidade indígena atual.
A expectativa entre a comunidade é reverter a situação de degradação em que se encontra o território indígena. Com a ocupação da Aracruz Celulose, além da mata atlântica que foi totalmente devastada, os animais debandaram, os rios foram contaminados e, conseqüentemente, a comunidade se viu sem alternativas de subsistência.
O estudo está previsto no Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que regulamentou a retomada do território indígena de 11.009 hectares no norte do Estado. A região é explorada pela Aracruz Celulose desde a ditadura militar.
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Século Diário, 18/11/2008)