A Amazônia foi um tema relevante discutido durante a cerimônia de abertura da "Conferência Internacional de Biocombustíveis", realizado ontem (17), em São Paulo. Em seus discursos de apresentação, tanto o governador do Estado de São Paulo José Serra, como a Ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, abordaram os riscos dos biocombustíveis ao bioma.
Durante o discurso de abertura, José Serra defendeu as supostas vantagens da produção de etanol no Brasil. Entre elas, o governador fez questão de frisar que, ao contrário da maioria das críticas internacionais, principalmente por parte da União Européia, o combustível da cana-de-açúcar não oferece risco às vegetações nativas. "Não há qualquer concorrência entre a produção de etanol e o bioma amazônico ou a produção de alimentos", afirmou o governador.
Dilma Rousseff seguiu a linha do governador. A ministra destacou dados que justificavam a segurança da Amazônia quando o assunto é a produção de biocombustíveis "A área produtiva dos canaviais está a mais de dois mil quilômetros da região amazônica", garantiu.
Entre as medidas para a regulamentação da produção de biocombustíveis, a ministra anunciou uma ação de zoneamento agro-ecológico, que teria como principal foco bloquear o avanço das lavouras sobre a região amazônica e demais vegetações nativas, como o pantanal e o cerrado. "Estamos com uma política muito forte contra o desmatamento. Fechando serralherias, embargando carvoarias, fazendo apreensões. A idéia de que os canaviais vão invadir a Amazônia precisa ser desfeita", afirmou Dilma.
O projeto passará por uma formulação interministerial e depois será colocado em debate público para a avaliação de seu texto final. Além disso, a ministra propôs como base da solução para a regulamentação dos biocombustiveis e o fim do desmatamento ilegal a regularização fundiária. "É preciso saber quem é o dono da terra para que seja possível fiscalizar, e se preciso, punir", garantiu.
O eventoA "Conferência Internacional de Biocombustíveis" é um evento promovido pelo governo federal e acontece em São Paulo de 17 a 19 de novembro. No dia 20 os relatores dos debates irão apresentar os resultados para uma comissão interministerial para um debate final.
Participam da conferência mais de três mil inscritos, entre eles empresários, representantes de associações, terceiro setor e governo, além de 92 delegações internacionais de países da Europa, Ásia, África e das Américas.
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Amazonia.org.br, 18/11/2008)