O investimento em tecnologia vem se tornando um dos diferenciais da indústria da madeira. Além da aquisição de equipamentos que melhoram os índices de produção, outra preocupação do setor tem sido no total aproveitamento da matéria-prima. Muitas empresas apostam na co-geração de energia para reduzir custos e contribuir para a redução do consumo de outras fontes.
O assunto será um dos temas do IV Congresso Internacional de Produtos de Madeira Sólida de Florestas Plantadas, que acontece de 19 a 21 de novembro em Curitiba (PR), e será promovido pela Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci).
De acordo com o engenheiro e gerente regional de vendas da TGM Turbinas, Guilherme Rino, que faz palestra no dia 20/11, durante o evento em Curitiba, praticamente todas as indústrias de madeira possuem um processo fabril que depende da utilização de vapor e por isso podem se beneficiar da co-geração de energia.
“Geralmente esse vapor já é gerado a partir da queima de resíduos de biomassa disponível na planta industrial, como cavaco de madeira, serragem, restos florestais, etc. Essas indústrias podem se beneficiar com a co-geração aproveitando este vapor, passando-o, antes de ser levado ao processo fabril, por uma turbina a vapor, que irá acionar um gerador elétrico e gerar energia”, explica.
Segundo a gerente de marketing da Berneck, Graça Berneck, a indústria emprega um processo integrado, limpo e sem desperdícios. “Utilizamos todas as partes da madeira para nossa produção: a casca é biomassa e é utilizada para a produção de calor e vapor para os processos de produção e também como fonte de mais de 50% de toda a energia consumida pela empresa em Araucária (PR); as toras mais grossas são utilizadas na serraria para a produção de madeira serrada, os resíduos da serraria (cavaco) e linha de beneficiamento da madeira (maravalha) são utilizados no processo de produção dos painéis assim como a parte mais fina da árvore, os toretes, com diâmetro abaixo de 20 cm”, afirma.
Entre as vantagens do uso da madeira para a geração de energia em relação aos combustíveis à base de petróleo estão o baixo custo de aquisição, menor risco ambiental, ser um recurso renovável, as emissões não contribuem para o efeito estufa e as cinzas são menos agressivas ao meio ambiente do que as provenientes de combustíveis fósseis.
Para o especialista, a tendência é de que o interesse pela co-geração de energia aumente entre as indústrias. No caso do setor florestal, a grande maioria das empresas de papel e celulose tem geração própria de energia, mas não são auto-suficientes, ou seja, ainda compram parte de sua demanda. Segundo o engenheiro, o custo para implantação de um sistema de geração de energia pode variar muito dependendo das instalações existentes.
“Porém, partindo-se de um projeto do zero, esse valor é estimado em R$ 2.000/kW gerado para turbina de processo e R$ 4.500/kW para turbinas de condensação (centrais térmicas). Esses números podem variar dependendo da quantidade a ser gerada”, afirma. Ele lembra que alguns equipamentos necessários para a co-geração de energia já existem nas indústrias, como é o caso das caldeiras. “Além disso, tendo em vista o aumento do preço da energia, o custo benefício compensa”, completa.
EstudoUm estudo do Ministério do Meio Ambiente pretende mapear e quantificar os resíduos e os subprodutos da cadeia de produção da madeira - da floresta às madeireiras – e, outro, levantar as possibilidades tecnológicas de transformar esse material em biomassa para produção de energia. O levantamento da localização e volume de biomassa florestal disponível cobrirá os estados do Pará, Rondônia e Mato Grosso, na Amazônia, e Minas Gerais e São Paulo, na região Sudeste.
A pesquisa de alternativas tecnológicas será focada nas diferentes formas de produção e potencial energético da biomassa de resíduos florestais condensados. Também será estudado resultado econômico desse tipo de energia para os consumidores finais.
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Celulose Online, 16/11/2008)