Entidades e movimentos sociais e ambientais do Brasil e do exterior vão realizar o Seminário Internacional "Agrocombustíveis como obstáculo à construção da soberania alimentar e energética", de 17 a 19 de novembro, em São Paulo. O evento ocorre paralelamente à I Conferência Internacional de Biocombustíveis, realizada pelo Governo Federal.
"Queremos fazer um contraponto à conferência do governo, pois a propaganda mundial dos agrocombustíveis feita pelo governo vem ganhando cada vez mais adeptos. Vemos a expansão do cultivo de agrocombustíveis mais como um problema, uma falsa solução, ao reproduzirmos o mesmo modelo de expansão que beneficia o agronegócio", afirma Lúcia Ortiz, coordenadora do Núcleo Amigos da Terra (NAT Brasil).
No dia 18 de novembro será realizada uma coletiva de imprensa para apresentação dos impactos do cultivo de cana aberta aos participantes do evento governamental. No dia 19, as entidades entregarão aos participantes da conferência governamental um documento com as conclusões do seminário.
O evento também analisará os impactos dos cultivos energéticos em países da América Latina, América do Norte, África, Ásia e Europa, e buscará apresentar alternativas que atendam às necessidades locais e regionais das diversas realidades dentro do conceito de soberania energética, atentando para questões de importância vital como clima, soberania alimentar e uso sustentável dos recursos naturais.
"Estamos vivendo uma crise com aumento de preços de alimentos e com escassez de recursos naturais. Devemos buscar uma economia mais localizada e uma agricultura mais diversificada e, principalmente, menos dependente de derivados de petróleo na sua produção. Além disso, nos opomos ao modelo de transporte automotivo individual que é para onde esse etanol deve ir", ressalta Lúcia.
Para as entidades organizadoras do Seminário, o modelo agroexportador incentivado pelo governo brasileiro e a previsão de expansão do setor sucroalcooeliro - dos atuais 7 milhões de ha de cana para 10,3 milhões de ha em 2013 -, além de aprofundar os impactos sociais, ambientais e fundiários, não atendem às demandas internas de energia e reforçam uma disputa aberta entre culturas energéticas e alimentares pela terra agriculturável.
Entre as entidades que participarão do seminário, estão: Via Campesina Brasil; Associação Brasileira de Reforma Agrária; Amigos da Terra Brasil; Articulação Nacional de Agroecologia; Central Única dos Trabalhadores; Assembléia Popular; FASE; Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familar; Marcha Mundial das Mulheres;
Plataforma BNDES; Rede Brasileira pela Integração dos Povos.
(Adital, 14/11/2008)