O gaúcho Henrique Luís Roessler foi ambientalista de ação e de palavra, mesmo antes do termo ser cunhado e vulgarizado pelo Brasil e mundo afora. Entre os anos 1940 e 1960, viveu às turras com caçadores, desmatadores e poluidores de um Rio Grande do Sul que via a industrialização caminhar a passos largos sobre áreas preservadas. Viu de perto os curtumes de couro e os esgotos devorarem o Rio dos Sinos e outras águas na região metropolitana de Porto Alegre.
Ainda em outubro de 1944, virou agente de Defesa Florestal daquele estado. Com alcunha oficial, dedicou-se de corpo e alma à fiscalização, varando até fins de semana em busca de quem via na destruição da natureza um modo de vida ou um meio de lucro. Talvez pela eficiência, acabou dispensado da função, em janeiro do ano seguinte.
Não desistiu. Em 1957, armou-se da antiga máquina de escrever e deitou no papel mais de 300 crônicas para o Suplemento Rural do jornal Correio do Povo. Com linguagem própria, dura e sem rodeios, denunciou tudo que via e sentia. Nada escapava a sua pena. Os textos impressionam pela atualidade e parte deles pode ser conferida na obra O Rio Grande do Sul e a Ecologia – Crônicas escolhidas de naturalista contemporâneo, da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan).
Roessler faleceu há exatos 45 anos, em um 14 de novembro como este, sem ver o Rio dos Sinos despoluído ou o abrandamento dos crimes contra a natureza, batalha de toda uma vida. Sua vitória está no seu legado, que também pode ser conferido na obra O homem do rio, biografia produzida por sua neta Maria Luiza Roessler.
Abaixo, O Eco rende homenagem ao ambientalista exibindo imagens e materiais de seu acervo pessoal, hoje em parte no Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul. Retrato de realidades que se perderam no passado nacional e foram usadas em campanhas naquele estado, muitas a cargo da União Protetora da Natureza (UPN). A entidade, fundada em 1955, é semente de muitas organizações não-governamentais que perpetuam sua luta nos dias de hoje.
(Por Aldem Bourscheit, OEco, 14/11/2008)