Em reunião realizada na tarde de sábado (15/11), na sede do Diretório Central dos Estudantes da UFRGS, na Avenida João Pessoa, cerca de 50 integrantes dos movimentos estudantil e ambiental contrários ao Projeto Pontal do Estaleiro decidiram fazer uma concentração no Largo Glênio Peres, na próxima quarta-feira (19/11), às 17h30.
Segundo a presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), Edi Xavier Fonseca, a intenção é mostrar à população e, em especial, ao prefeito, o repúdio ao resultado da votação do projeto, realizada em sessão tumultuada da Câmara Municipal, na última quarta-feira (12/11). "Acreditamos que até esta segunda-feira (17/11), o prefeito já tenha recebido o projeto", afirma Edi. Segundo ela, durante a manifestação, os movimentos formarão uma comissão para tentar marcar uma audiência com o prefeito. "Queremos mostrar que estamos mobilizados e faremos um primeiro contato por meio da comissão", confirma a ambientalista. Após esta manifestação, os movimentos farão uma nova reunião de avaliação, no mesmo dia, às 19h30, na sede do DCE da UFRGS, para definir os próximos passos.
Apoio
O abaixo-assinado encabeçado pela Agapan contra o projeto Pontal do Estaleiro, que circula desde setembro, já recebeu cerca de 5.300 adesões. "Este é o número que tínhamos até sexta-feira quando acessei a página", afirma Edi.
No sábado (16/11), o movimento recebeu uma adesão de renome. Trata-se do jurista Miguel Reale Jr., que enviou mensagem, por e-mail, pronunciando-se contra o projeto. Ele enviou o seguinte texto de resposta a uma militante da Agapan:
Prezada Vanessa,
Sim, sou Miguel Reale Jr. advogado e professor. Há 13 anos resido entre SP, Porto Alegre e Canela. Sou casado com a advogada e professora de Direito Civil, Judith Martins-Costa. Preocupa-me a descaracterizacão da orla do Guaiba e a sua destinação meramente especulativa, sem qualquer função social. A notícia do resultado da votação na Câmara, na semana passada, não poderia ser pior - agora, é esperar que o prefeito vete esse absurdo. Contem comigo na defesa do patrimônio de Porto Alegre.
Cordialmente,
Miguel Reale Jr.
Mesa
Sobre a reunião da Mesa da Câmara Municipal, convocada para a manhã desta segunda-feira (17/11), Edi assinalou que "não queremos nos manifestar sobre um assunto interno do Legislativo."
Nesta segunda-feira, a Promotoria de Defesa do Patrimônio Público pretende ouvir autoridades que deram declarações sobre fatos relativos à votação, o que, dependendo dos resultados, poderá levar a um inquérito civil para apurar responsabilidades por atos ilícitos.
A vereadora Neusa Canabarro (PP) negou, em entrevista à Rádio Gaúcha, que houvesse insinuado irregularidade na votação. Já o vereador Beto Moesch sustentou que cada vereador votou segundo suas próprias convicções. Contudo, segundo ele, no dia da votação, havia três empresários pressionando muito os vereadores.
(Cláudia Viegas, AmbienteJÁ, 17/11/2008)