(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
pesquisas genéticas
2008-11-17

Em novembro de 2007, um consórcio internacional de pesquisadores concluiu a compilação de um catálogo de seqüências de DNA de 12 espécies diferentes de moscas drosófilas.

O objetivo do trabalho, que teve participação brasileira e gerou, na época, um conjunto de oito artigos na revista Nature, era possibilitar uma ampla análise comparativa de genomas múltiplos da mosca, trazendo esclarecimentos sobre os processos evolucionários e aprofundando o conhecimento sobre um dos mais importantes organismos modelo para a biologia.

Um ano depois da conclusão do catálogo, cientistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que haviam participado do consórcio acabam de publicar os resultados do trabalho sobre o cromossomo Y das 12 espécies de drosófilas.

Um artigo sobre a nova pesquisa – que correspondeu à tese de doutorado de Leonardo Koerich, orientada por Antonio Bernardo de Carvalho, do Departamento de Genética da UFRJ – foi publicado no domingo (16/11), na edição on-line da Nature e em breve estará disponível na edição impressa.

Uma das conclusões é que o conteúdo genético dos cromossomos Y é muito pouco conservado entre as 12 espécies – isto é, os genes variam mais do que se imaginava. Outro achado importante contradiz a teoria de que em todas as espécies os cromossomos Y se originam por degeneração dos cromossomos X: pelo menos nas drosófilas isso não ocorre, pois a estrutura dos cromossomos Y tem tamanho crescente.

Além dos brasileiros, assinam o artigo Xiaoyun Wang e Andrew Clark, do Departamento de Genética e Biologia Molecular da Universidade Cornell, nos Estados Unidos.

De acordo com Carvalho, a baixa conservação do conteúdo genético do cromossomo Y foi uma descoberta surpreendente. O cromossomo Y da Drosophila melanogaster tem 12 genes de cópias simples. Apenas três deles se repetiam em todas as outras espécies.

“Apenas um quarto dos genes do cromossomo Y é compartilhado por todas as espécies. É um conteúdo altamente variável. Como parâmetro de comparação, podemos citar que, nos autossomos – os cromossomos não sexuais – de todas as 12 espécies, 95% dos genes estão no mesmo cromossomo”, disse à Agência Fapesp.

O estudo também sugere uma explicação para essa baixa conservação, segundo Carvalho. Na maior parte dos casos, os genes nos cromossomos Y foram adquiridos tardiamente, há menos de 63 milhões de anos – uma origem recente em termos evolutivos, já que o conteúdo genético dos outros cromossomos remonta há até 260 milhões de anos.

“Investigando apenas uma espécie de drosófila não poderíamos ter certeza, mas, comparando as 12 pudemos começar a determinar por que o conteúdo gênico é tão pouco conservado. Essa é a vantagem de termos à disposição um conjunto de dados tão bom”, afirmou.

Segundo ele, a literatura internacional admite que a origem do cromossomo Y seja o cromossomo X, de estrutura muito maior. Ambos teriam formado um par idêntico em uma época remota, mas, ao longo da evolução, teriam se especializado, com Y perdendo genes maciçamente. O novo estudo derruba a tese de que o cromossomo Y é um X degenerado em todas as espécies.

“Já se sabia que nenhum dos 12 genes do cromossomo Y da Drosophila melanogaster possui ortólogo – isto é, um gene equivalente no cromossomo X. Mas, enquanto a teoria diz que os cromossomos Y se originam por perda de genes, no caso da drosófila observamos que há ganho de genes”, destacou.

Taxas singulares

Os pesquisadores conseguiram medir a taxa de ganho de genes dos cromossomos, isto é, quantos genes eles ganham e perdem a cada milhão de anos. A taxa de ganho foi dez vezes maior do que a de perda no caso da Drosophila melanogaster. “O Y da drosófila não parece de forma alguma estar evoluindo como o de outras espécies”, disse Carvalho.

Por razões técnicas, segundo o pesquisador, foi possível medir a taxa do ganho de genes apenas na D. melanogaster – que é estudada desde o início do século –, enquanto nas outras linhagens foi medida apenas a taxa de perda de genes. Para comparar uma taxa à outra, os pesquisadores partiram de um pressuposto comum na análise evolutiva: admitiram que as taxas de ganho e perda observadas na melanogaster e nas outras linhagens são homogêneas.

“Agora estamos tentando remover esse pressuposto estudando o cromossomo Y das outras linhagens. Mas o resultado foi sólido o suficiente para dar boa segurança de que houve mais ganho que perda de genes nos cromossomos das moscas”, afirmou.

Com os resultados, resta saber agora como surgiram os cromossomos Y da drosófila. “A limitação é que as 12 espécies estudadas divergiram evolutivamente há apenas 60 milhões de anos. Para descobrir de onde vem o cromossomo Y da drosófila, teremos que estudar linhagens evolutivamente mais distantes”, apontou.

Para isso, a equipe está utilizando uma nova tecnologia de seqüenciamento em larga escala que permite procurar, diretamente no conteúdo gênico das outras linhagens, genes que estejam presentes em seus cromossomos Y e não nos da Drosophila melanogaster. “Estamos agora analisando o cromossomo Y de cerca de 300 espécies de drosófilas que divergiram há mais tempo”, disse.

Embora a pesquisa trate fundamentalmente de uma questão de ciência básica, Carvalho explica que também há aplicações possíveis para os resultados. O desenvolvimento de métodos para o estudo dos cromossomos Y – especialmente difícil para ser trabalhado – tem sido utilizado para investigar cromossomos de outros trechos do genoma. “Além disso, a compreensão do cromossomo Y é muito importante porque ele está relacionado a muitos casos de esterilidade masculina”, disse.

O artigo "Low conservation of gene content in the Drosophila Y chromosome", de Leonardo Koerich, Antonio Bernardo de Carvalho, Xiaoyun Wang e Andrew Clark, pode ser lido por assinantes da Nature

(Por Fábio de Castro, Agência Fapesp, 17/11/2008)


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -