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ecossistemas
2008-11-17

A quantificação e localização das espécies dentro dos biomas é a estratégia mais comum utilizada pelos gestores ambientais na elaboração de políticas de conservação. No entanto, essa visão sobre a biodiversidade não pode ser vista de modo isolado: na prática, o funcionamento dos ecossistemas e a interação entre os organismos que o compõem também são abordagens imprescindíveis para o melhor entendimento da dinâmica ambiental visando à criação dessas políticas.

As idéias são de Thomas Lewinsohn, professor titular do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) que proferiu a palestra “Espécies e diversidade: interação em plantas e insetos fitófagos”, na semana passada, na sede da Fapesp, na capital paulista, durante o simpósio “Biologia evolutiva e conservação da biodiversidade: aspectos científicos e sociais”.

“Em geral, as políticas ambientais de diversos países se baseiam apenas em dois tipos de informação: a contagem das espécies e sua distribuição geográfica, especialmente as que estão ameaçadas de extinção”, disse Lewinsohn, que também é coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Unicamp, à Agência Fapesp.

“Não há nada de errado nisso, ao contrário, essas informações são necessárias, mas não são suficientes por serem muito desvinculadas do processo de funcionamento dos ecossistemas como um todo. É preciso levar em conta também o que chamamos de diversidade de interação”, explica.

Segundo ele, em um cenário de grande preocupação ambiental, qualquer projeto que vise à conservação da biodiversidade, seja ela de espécies vegetais ou animais, também depende da conservação dos processos ecossistêmicos, ou seja, da possibilidade de os sistemas ecológicos estarem funcionando integralmente.

“Quando temos acesso a informações de que um determinado lugar é muito rico em espécies, esses dados por si só não nos dizem quais são as perspectivas de manutenção dessas espécies em termos da viabilidade de funcionamento do ecossistema”, afirmou.

Lewinsohn destaca que a proposta não é de substituição, mas de extensão. “Os projetos de pesquisa não devem deixar de ter foco no estudo das espécies, mas devem abranger também os aspectos que funcionem como indicadores de funcionamento dos ecossistemas. A idéia de diversidade de interações é apenas uma maneira de ir em direção a esse objetivo. Devemos estender, do ponto de vista operacional, esse conceito de biodiversidade para incluir aspectos mais explicitamente vinculados com o funcionamento”, defendeu.

A diversidade de interação, conceito que segundo ele é cada vez mais comum na literatura especializada, é caracterizada pelo conjunto de espécies animais ou vegetais que coexistem e se relacionam entre si por meio de uma rede de interações.

A preocupação de Lewinsohn está na formalização desse conceito para que ele seja incorporado em procedimentos gerais usados no monitoramento e na avaliação da biodiversidade, abordagem que, segundo ele, “ainda não é posta em prática mundialmente, uma vez que todas as políticas públicas e grandes avaliações são elaboradas a partir da riqueza de espécies vegetais e animais, o que também não deixa de estar correto”.

“Quando falamos em interações, a palavra ‘rede’ é importante por ela remeter à possibilidade de aproveitar desenvolvimentos teóricos recentes, como a teoria de redes complexas, que tem encontrado aplicações em muitas áreas, desde a organização do transporte público até a análise de redes de relacionamento social, passando por estudos sobre a dinâmica da internet”, ressaltou.

Segundo Lewinsohn, uma das abordagens conceituais que a teoria de redes complexas tem permitido está relacionada com a análise de fragilidades e vulnerabilidades em diversas áreas do conhecimento, incluindo o meio ambiente.

“Por analogia podemos usar essa teoria para analisar, por exemplo, qual é a vulnerabilidade à perda de indivíduos de um conjunto amplo de espécies organizado por meio de suas interações. Assim é possível entender, por exemplo, como a perda de uma espécie em um ecossistema se propaga e pode afetar outras espécies, como um efeito dominó”, disse.

Nesse cenário teórico, Lewinsohn trabalha atualmente com a rede de interações entre espécies de plantas e de insetos herbívoros em regiões diversas das serras do Espinhaço e da Mantiqueira. Trabalha também com espécies do Cerrado, principalmente nas cidades de Itirapina (SP) e Mogi Guaçu (SP), além de Fortaleza dos Aparados (RS), Conselheiro Mata (MG) e Martinho Prado Júnior (SP).

Em linhas gerais, uma das conclusões desses estudos, segundo ele, é que a organização dessas redes é marcada por características evolutivas muito antigas.

“Tais características persistem mesmo com as mudanças climáticas, quando ocorre um conservadorismo nas relações entre as espécies. Outro achado desses trabalhos é que o acoplamento dos insetos com as plantas é tão intenso que sua distribuição geográfica, em grande escala, acaba sendo fortemente determinada por essas relações”, disse.

(Por Thiago Romero, Agência Fapesp, 17/11/2008) 


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