A competitividade do etanol frente à gasolina pode ser melhor entendida quando se analisam os números. Somente no ano passado o setor movimentou R$ 41 bilhões no Brasil.
Embora a produção do bioetanol não mais seja subsidiada, como ocorreu no início do Proálcool, o combustível surge hoje como o substituto natural da gasolina e seu consumo atualmente já representa metade da procura pela gasolina.
No ano passado, foram produzidos no país 30 milhões de toneladas de açúcar e 17,5 bilhões de litros de bioetanol. Foram exportados 19 milhões de toneladas de açúcar (R$ 7 bilhões) e 3 bilhões de litros de etanol (US$ 1,5 bilhão em divisas), representando 2,65% da economia nacional. Foram recolhidos R$ 12 bilhões em impostos e taxas e investidos R$ 5 bilhões em novas unidades agroindustriais.
Os dados constam do livro "Bioetanol de Cana-de-Açúcar – Energia para o Desenvolvimento Sustentável", a ser lançado nesta segunda-feira (17/11) em são Paulo. Segundo a publicação, a expansão da produção de bioetanol e açúcar nas últimas décadas ocorreu não apenas com o aumento da área cultivada, mas por meio de expressivos ganhos de produtividade nas fases agrícola e industrial, com aumentos anuais de 1,4% e 1,6%, respectivamente.
“O processo resultou em crescimento anual de 3,1% na produção de bioetanol por hectare cultivado, ao longo de 32 anos”.
O livro mostra que esse ganho de produtividade possibilitou que a área atualmente dedicada à cultura da cana para a produção de bioetanol (cerca de 3,5 milhões de hectares) represente 38% da terra que seria necessária no início do Proálcool, em 1975, para manter a produção e a produtividade atual.
“Esse notável ganho de produtividade que multiplicou por 2,6 o volume de bioetanol por área cultivada, foi obtido pela contínua incorporação de novas tecnologias”, revela o livro.
Contribui para o avanço do álcool na matriz energética brasileira o sucesso dos carros biocombustíveis (os flexs) que levou a produção de cana a saltar de 88,92 milhões de toneladas na safra 1975/76 para 489,18 toneladas na safra 2007/08. Com isso, a produção de etanol subiu de 0,6 milhão de metros cúbicos para 22,24 milhões de metros cúbicos diários, no mesmo período.
Apesar da expansão, a cultura da cana ocupa apenas 9% da superfície agrícola do país, o terceiro em cultivo mais importante de área, depois da soja e do milho. Em 2006, a área colhida foi de 6,12 milhões de hectares, para uma área plantada de mais de 7,04 milhões de hectares e produção total de 457,98 milhões de toneladas.
A expectativa é de melhora ainda mais essa performance admite Júlio Ramundo, superintendente da Área Industrial do Banco Nacional de desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
“O banco vem procurando incentivar a implementação de projetos voltados para a inovação tecnológica. O Brasil é reconhecidamente um líder no setor, mas outros países estão investindo fortemente em tecnologia, segunda geração de etanol, e o Brasil não pode perder a vantagem tecnológica que tem hoje”.
Júlio Ramundo lembra que o BNDES considera o apoio à inovação fundamental para a preservação da competitividade brasileira. “Por isso mesmo vem apoiando alguns projetos voltados para a inovação, seja na iniciativa privada, seja em alguns centros de pesquisa existentes no Brasil para o estudo de segunda geração”.
(Por Nielmar de Oliveira, Agência Brasil, 16/11/2008)