A UE quer diversificar as fontes de energia que alimentam os países europeus, aumentar a eficiência energética e lutar para influenciar o sector internacional na área da energia. Estes objectivos são as principais conclusões da Segunda Análise Estratégica da Política Energética, apresentada hoje em Bruxelas, que reforçou a importância de se alcançar a meta dos “três vintes” até 2020 e que mostrou querer fugir à dependência directa da Rússia.
Segundo o relatório, a União Europeia vai aumentar a dependência energética dos combustíveis fósseis, durante as próximas décadas. Apesar de não nomear a Rússia, o documento diz que a Europa está a nível energético demasiadamente “dependente de uma única fonte”, cita a "BBC News".
O Presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, disse hoje em Bruxelas que os preços da energia subiram em média 15 por cento em apenas um ano na UE. “É necessário reagir rapidamente a esta situação e tomar medidas destinadas a aumentar a eficiência energética na União Europeia e a reduzir a nossa dependência das importações”, disse.
Dentro da diversificação de fontes energéticas, três projectos são destacados: um plano de interconexão do Báltico, um anel de energia do Mediterrâneo e uma rede ao largo da costa no Mar do Norte, para ligar as redes eléctricas do Noroeste europeu e as centrais de energia eólica projectadas.
O anel do Mediterrâneo, que vai ligar a electricidade com as redes de gás, “é essencial para desenvolver o potencial solar e eólico”, cita a BBC News.
Outra prioridade é manter um compromisso firme com os fornecedores de gás do Médio Oriente e da Ásia Central, incluindo o envolvimento com a construção de uma conduta de gás. Dois projectos de condutas de gás estão ainda a serem desenvolvidos, para fornecer gás ao Sul da Europa a partir da Ásia Central e da Rússia.
Reduzir a importação
Actualmente, a UE importa 61 por cento do gás que consome, e 42 por cento das importações vêm directamente da Rússia. Em 2020, segundo a comissão, a importação total de gás será de 73 por cento. Neste contexto, outra prioridade vai ser reforçar os objectivos dos três vintes: a redução em 20 por cento das emissões de gás, o aumento para 20 por cento da proporção de energias renováveis no consumo e a redução em 20 por cento da procura de energia, tudo até 2020.
Uma das formas para alcançar estes objectivos vai passar pela construção e substituição das infra-estruturas necessárias para a UE poder utilizar os recursos energéticos renováveis e as suas fontes fósseis, os investimentos nesta área serão na ordem dos milhares de milhões de euros. Por outro lado, quer reforçar-se a legislação relativa à eficiência energética dos edifícios e dos produtos consumidores de energia. Prevê-se que se estes objectivos forem alcançados, há um corte de 26 por cento na importação de energia.
Influência internacional
A Comissão não só quer uma maior comunicação e solidariedade energética entre os países da UE para responder às crises externas no mundo onde a segurança energética é cada vez mais precária. Mas também tem como objectivo estabelecer “relações de interdependência entre países fornecedores, de trânsito e consumidores”, que vai contribuir para "a influência da União Europeia na evolução da situação internacional no sector da energia”, diz a comissão.
As propostas da comissão vão ser consideradas pelos governos da UE e pelo Parlamento Europeu, que tem que aprovar projectos específicos.
(Ecosfera, 14/11/2008)